Não sei porque ainda me surpreendo com a arrogância de alguns jovens.
Outro dia recebi mensagem de um jovem poeta no Direct do Instagram.
Dizia que por indicação de um poeta amigo, estava me procurando para escrever uma resenha sobre um livro que tinha lançado recentemente.
Queria me enviar o livro por email em pdf para eu ler e escrever a resenha.
Até aí, tudo bem.
Anuí seu pedido, passei meu email e agradeci sua confiança.
“Já está no email. É para sair no Correio das Artes do próximo mês”.
Aí deu ruim!
Primeiro porque não sou editor do Correio das Artes e o editor é quem decide quando publica ou não determinado texto.
Segundo, que para escrever uma resenha sobre determinado livro, tenho que ler a obra, gostar e ter tempo para escrever – coisa que ultimamente, em função dos afazeres da editora, não venho tendo.
Terceiro, não escrevo sob pressão, a não ser por prazos profissionais. Não faço resenhas por encomendas e nem pagas. Quando escrevo resenhas, escrevo porque gostei do livro e não porque alguém me pediu. Ele disse que eu não tinha entendido. E explicou que o Correio das Artes estava esperando uma resenha.
Piorou!
Como assim? Ele já tinha reservado um espaço para uma resenha minha sem nem me conhecer ou falar comigo?
Claro que isso não seria possível.
Para finalizar, ele enviou pelo Instagram cópia de matéria que saiu no jornal sobre o lançamento da obra.
Na matéria, palavras elogiosas do amigo que me indicou e a programação de lançamento, com apresentações artísticas de outros amigos.
Bom, confesso que nunca tinha ouvido falar desse poeta e ele pode até ser o novo Rimbaud, mas a sua abordagem foi no mínimo equivocada, como disse-lhe.
A historinha lembrou outra, quando um jovem poeta, a um tempo atrás, me pediu resenha sobre seu livro e quando publiquei ele não gostou do conteúdo e saiu me esculhambando.
Aos jovens, apenas um recado: “Precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”
