Ouça o conto de Rejane Vieira
Isaurinha era linda, cabelos longos, cintura fina e ancas largas. Uma belezura, de costas. Já de frente, não era nada bonita. Mesmo assim, chegava primeiro em todos os lugares. Era difícil não notar sua aparência mal composta de feições. Não que isso fosse algo imprescindível, como é nos dias de hoje. E ainda não existiam selfies, cirurgias nem as modernas plásticas para modificar tudo que não agrada na imagem.
Mas acreditem, Isaurinha se achava deslumbrante, se fiando nos seus cabelos sedosos e nas belas ancas que desfilavam suavemente no seu passo sedutor.
Allec
Os amigos quando descobriram, foi uma gozação. Cada um que dissesse uma piada mais horrível que a outra.
Chegou o dia da festa de formatura, muita expectativa, mas Rosivaldo bebeu tanto, só deu vexame, não conseguiu nem chegar perto de Isaurinha.
Os anos se passaram, e, um belo dia, o encontro, Rosivaldo estava com os amigos saindo de um restaurante, viu Isaurinha de costas, e a reconheceu de imediato. Foi como um click, a paixão voltou forte. Aproximou-se para falar com ela, e percebeu que estava do mesmo jeito. Não bonita de frente, mas linda de costas, toda sedutora. Os amigos não pararam de zoar com ele. Trocaram telefones, queriam conversar com calma.
Jonathan Borba
Os bombeiros entraram arrombando a porta, e, na pressa, ele vestiu a calça dela e ela a dele Só que não cabia nele e terminou prendendo seu saco no zíper da calça. Foi um sufoco, saiu enrolado na toalha numa situação vexatória, a TV filmando. Ela, enrolada no lençol, continuou se exibindo como se usasse um vestido de gala no tapete vermelho. O sorriso largo. Rosivaldo, olhando a cena pensou: "a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo."
* O mote foi a frase de Luís Fernando Verissimo “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.”