Isaurinha era linda, cabelos longos, cintura fina e ancas largas. Uma belezura, de costas. Já de frente, não era nada bonita. Mesmo assi...

A paixão é inusitada

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Isaurinha era linda, cabelos longos, cintura fina e ancas largas. Uma belezura, de costas. Já de frente, não era nada bonita. Mesmo assim, chegava primeiro em todos os lugares. Era difícil não notar sua aparência mal composta de feições. Não que isso fosse algo imprescindível, como é nos dias de hoje. E ainda não existiam selfies, cirurgias nem as modernas plásticas para modificar tudo que não agrada na imagem.

Mas acreditem, Isaurinha se achava deslumbrante, se fiando nos seus cabelos sedosos e nas belas ancas que desfilavam suavemente no seu passo sedutor.

Allec
Os rapazes assobiavam. Para ela, a aprovação; para eles, motivo de piadas, nenhum tinha coragem de namorar com ela. A não ser Rosivaldo, que tinha uma forte atração por Isaurinha. Era paixão. Sonhava com ela.

Os amigos quando descobriram, foi uma gozação. Cada um que dissesse uma piada mais horrível que a outra.

Chegou o dia da festa de formatura, muita expectativa, mas Rosivaldo bebeu tanto, só deu vexame, não conseguiu nem chegar perto de Isaurinha.

Os anos se passaram, e, um belo dia, o encontro, Rosivaldo estava com os amigos saindo de um restaurante, viu Isaurinha de costas, e a reconheceu de imediato. Foi como um click, a paixão voltou forte. Aproximou-se para falar com ela, e percebeu que estava do mesmo jeito. Não bonita de frente, mas linda de costas, toda sedutora. Os amigos não pararam de zoar com ele. Trocaram telefones, queriam conversar com calma.

Jonathan Borba
Após alguns encontros, ele falando da sua paixão de outrora, ela da solidão, que nunca namorou ninguém… resolveram ir para o motel. Quando estavam no bem bom, ela na sua primeira vez, e, para ele, era como se fosse também. Foi lindo! Ambos ainda estavam sem roupas, quando a sirene de incêndio tocou. Haviam detectado fogo em um dos quartos. Todos precisavam evacuar.

Os bombeiros entraram arrombando a porta, e, na pressa, ele vestiu a calça dela e ela a dele Só que não cabia nele e terminou prendendo seu saco no zíper da calça. Foi um sufoco, saiu enrolado na toalha numa situação vexatória, a TV filmando. Ela, enrolada no lençol, continuou se exibindo como se usasse um vestido de gala no tapete vermelho. O sorriso largo. Rosivaldo, olhando a cena pensou: "a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo."
  * O mote foi a frase de Luís Fernando Verissimo “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.”

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  1. Rejane querida! Um estouro de conto! Amo seus escritos, eles revelam essa característica tua de suavizar a dura realidade, com coragem e liberdade para o enfrentamento, até do ridículo, sem medo de ser feliz!!!!

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  2. Maravilha de conto! Maravilha de escrito! Isaurinha e sua auto estima chega a ser comovente! E o que é o ridículo?

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  3. Adorei! Dei risada e consegui visualizar cada cena. Uma casaca de imagens veio a minha cabeça. Obrigada Rejane!

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