Agradecer é importante. Sempre. Não é apenas uma questão de boa educação, mas uma virtude, segundo o filósofo francês André Comte-Sponville. Não quero dizer com isso que sou educado nem virtuoso. Pelo contrário. Para mim, a educação e a virtude são ideais que persigo, procuro perseguir, com a consciência muito clara de que nem sempre os alcanço. Mas o que importa é tentar. E é o que faço agora com este texto.
Agradeço a Germano Romero o convite para publicar meus artigos e crônicas no blog Ambiente de Leitura Carlos Romero, criado inicialmente como meio de divulgação da produção literária do escritor Carlos Romero, seu pai,
Diz Sponville que a gratidão é “a lembrança reconhecedora do que ocorreu: lembrança de uma felicidade ou de uma graça, e felicidade ela própria, e graça renovada. É por isso que é uma virtude: porque se rejubila com o que deve, enquanto o amor-próprio preferiria esquecer”. Eis aí. Lembrança reconhecedora e júbilo pela dívida. Eu lembro e reconheço o que devo ao benfeitor, e nisso me rejubilo, pois que tudo isso faz bem ao meu coração agradecido. Em nenhum momento quero esquecer o que recebi graciosamente; pelo contrário, em todos os instantes quero exaltá-lo, para merecê-lo.
Germano, todos sabem, é um caso raro e edificante de devoção filial. Seu amor e sua dedicação ao cronista Carlos Romero ainda hoje reverberam entre nós, paraibanos, como exemplos incontornáveis. Amor e dedicação na vida e na morte. Daí a expansão, há exatos dois anos, do blog que leva o nome paterno, para acolher textos de outros autores além do patrono,
Sem falar que Germano é, ele próprio, como sabemos, um completo homem de letras, um cronista que muito dignifica a herança paterna e a crônica paraibana, uma presença constante nos jornais locais há muitos anos, enfim, um nome que por seus méritos e por si só, independentemente do sobrenome ilustre, impõe-se ao respeito de todos. Arquiteto de profissão, músico por formação e escritor por vocação, Germano é um intelectual completo, a quem não falta o minucioso e vário conhecimento do mundo, fruto de suas incontáveis e enriquecedoras viagens, forma privilegiada de educação.
Voltando ao filósofo, ele diz ainda que a gratidão “é a alegria da memória”. Sim, porque só quem é verdadeiramente grato se alegra em lembrar quem lhe fez o bem. Os que não o são, ao contrário, procuram esquecer o benefício e o benfeitor cujas memórias lhes causam incômodos, assim como as dívidas não pagas. Atribuem ao pensador Antístenes outra frase bonita e verdadeira: “A gratidão é a memória do coração”. Sim, é isso mesmo. Por isso, é com alegria no coração que agradeço a Germano a oportunidade que generosamente me deu – e continua dando.
Pelos últimos dois anos, parabéns, amigo. Vida longa ao blog e ao seu criador.