Quem conhece bem João Pessoa sabe da história que vou contar. É a história do “frade sem cabeça” que aparecia, altas horas da noite, saindo clandestinamente do Convento dos Franciscanos e indo para a “Fonte dos Milagres” (hoje completamente destruída), no sopé da ladeira de São Francisco.
O vulto, que causava pavor a todos, homens e mulheres, seria o de um frade: o frei José de Jesus Cristo Maria Lopes, religioso que, dominado pelo ciúme e ajudado por dois comparsas, matou por empalação sua amante Tereza. Esse bárbaro crime ocorrera na madrugada de 31 de julho de 1801, estarrecendo a então diminuta capital paraibana.
O frei José de Jesus Cristo Maria Lopes era franciscano e morava no Convento de Santo Antônio. Ele costumava banhar-se com Tereza, alta noite, na “Fonte dos Milagres”, local do crime.
Como o destino do criminoso ganhou múltiplas versões, além da que está anotada nos processos judicial e canônico, correu durante muito tempo a informação de que o frade teria atentado contra a própria vida, no interior do convento, vencido pelo remorso.
Depois do suicídio, ainda segundo a lenda, passara a ser um “espírito errante”, vagando sem cabeça pelo adro, pela praça e até pela ladeira de São Francisco.
Verdade ou não, o certo é que a lenda contribuiu para afugentar pobres mortais que se entregavam aos “prazeres da carne” naquele lugar sagrado...