Espelho do outono
Miro o espelho do outono estarrecida Os olhos como o fundo De um rio vasculhado... O tempo não perdoa. Novo prazo foi dado para a vida Mesmo assim Um velho rio do medo Com o resíduo das cheias Corre dentro de mim.
Miro o espelho do outono estarrecida Os olhos como o fundo De um rio vasculhado... O tempo não perdoa. Novo prazo foi dado para a vida Mesmo assim Um velho rio do medo Com o resíduo das cheias Corre dentro de mim.
Aspiração
Bem que eu queria viver apenas sendo Viajante do tempo, ao sabor do vento Pluma, folha, flor Leve, sem jamais culpar-me Por não merecer asas, mas com amor Ir inventando novas formas de voar. Sempre abraçando a vida sem mistério Lançando na terra sementes de paz Sem nenhum desejo que não fosse amar.
Bem que eu queria viver apenas sendo Viajante do tempo, ao sabor do vento Pluma, folha, flor Leve, sem jamais culpar-me Por não merecer asas, mas com amor Ir inventando novas formas de voar. Sempre abraçando a vida sem mistério Lançando na terra sementes de paz Sem nenhum desejo que não fosse amar.
Traduções
Não me recordo de quando me perdi Pelas esquinas do ser. A vida sem retoques, haja valentia! Lutando, resistindo, para não morrer No entanto, como tela desgastada Talvez sem chance de restauração. Contemplo a imagem sem contorno Sou eu. E sou também a sombra de mim Refeita em outras possíveis traduções. Cansada de correr mundo, peço pouco Queria apenas rever o parque E comer uma fatia de maçã do amor.
Não me recordo de quando me perdi Pelas esquinas do ser. A vida sem retoques, haja valentia! Lutando, resistindo, para não morrer No entanto, como tela desgastada Talvez sem chance de restauração. Contemplo a imagem sem contorno Sou eu. E sou também a sombra de mim Refeita em outras possíveis traduções. Cansada de correr mundo, peço pouco Queria apenas rever o parque E comer uma fatia de maçã do amor.
Monólogo sob o luar
Tanta beleza ainda para contemplar... Mas os meus olhos já não são os mesmos O meu olhar é impregnado de outro olhar. Os meus lábios tampouco são meus lábios São os gritos silentes Desse inquietante do presente. Meu coração não é mais um coração É a carência infinita De algo inexistente. Assim, meu corpo deixou de ser um corpo Fez-se árvore abatida Sob um sol sem vida. Enfim... a minha imagem É o retrato impossível De uma antiga miragem.
Tanta beleza ainda para contemplar... Mas os meus olhos já não são os mesmos O meu olhar é impregnado de outro olhar. Os meus lábios tampouco são meus lábios São os gritos silentes Desse inquietante do presente. Meu coração não é mais um coração É a carência infinita De algo inexistente. Assim, meu corpo deixou de ser um corpo Fez-se árvore abatida Sob um sol sem vida. Enfim... a minha imagem É o retrato impossível De uma antiga miragem.
Argumentos
Acreditei Porque o tempo rezava comigo Tecendo a paz Porque a palavra era luz E não havia nada Capaz de eclipsá-la Que era bela, recém-nascida E ao redor somente havia sulcos Névoas e olhares frios Porque as mãos acompanhavam o texto Como se tocassem uma sonata Capaz de resgatar a aurora em plena noite. E nunca desejei voltar atrás Porque a beleza era a última imagem Guardada do sonho, ao acordar...
Acreditei Porque o tempo rezava comigo Tecendo a paz Porque a palavra era luz E não havia nada Capaz de eclipsá-la Que era bela, recém-nascida E ao redor somente havia sulcos Névoas e olhares frios Porque as mãos acompanhavam o texto Como se tocassem uma sonata Capaz de resgatar a aurora em plena noite. E nunca desejei voltar atrás Porque a beleza era a última imagem Guardada do sonho, ao acordar...