Revi, há pouco, na TV Cultura, o filme de Sergio Rezende sobre a saga de Zuzu Angel, a estilista brasileira assassinada durante o governo militar, a quem incomodava por suas denúncias e pela insistência na cobrança do corpo do filho, Stuart Angel, para o devido e decente sepultamento. Estudante de economia e militante político, o moço morrera em sessão de tortura, numa Base Militar do Rio de Janeiro.
Imagens ▪ Instituto Zuzu Angel
O enredo transcorria e me fixava na memória a entrevista que fiz para o Jornal do Commercio do Recife, em fevereiro de 1998, com o deputado mineiro Nilmário Miranda que na ocasião integrava a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos formada pelo Ministério da Justiça.Nilmário desembarcava em João Pessoa em busca de duas testemunhas do incidente ocorrido na madrugada de 14 de abril de 1976, à saída do Túnel Dois Irmãos, no bairro carioca de São Conrado, onde Zuzu perdeu a vida.
Uma dessas testemunhas é o hoje advogado paraibano Marcos Pires. A outra, o nosso amigo comum Neno Rabello. Então morador do Edifício Tibérius, em cuja varanda conversava com Neno, Marcos Pires, aluno de Direito no Rio, viu o abalroamento do Kharman Ghia da moça por outro carro.
Ambos levaram menos de cinco minutos para sair de casa, fechar a porta, tomar o elevador e chegar ao local do suposto acidente, um barranco de cinco metros já então isolado pela Polícia. Essa história por ele contada a Nilmário e a todos os repórteres que o procuraram correu o mundo. A mim, garantiu a manchete do Caderno Político do JC, com direito a chamada na 1ª Página.
Zuzu, que também é mãe da jornalista Hidelgard Angel, há muito denunciava a amigos as ameaças que constantemente sofria. Ela causava desconforto ao regime ditatorial por também distribuir dossiês sobre a tortura no Brasil a personalidades internacionais. Sua luta inspirou Chico Buarque que a ela dedicou a canção "Angélica".
Ei-la então: