Para justificar o gosto pela atividade de escritor, Ariano Suassuna dizia que estaria satisfeito se seu livro tivesse pelo menos um leitor...

O salário do escritor

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Para justificar o gosto pela atividade de escritor, Ariano Suassuna dizia que estaria satisfeito se seu livro tivesse pelo menos um leitor. Mesmo assim valeria a pena escrever.

Me dou por satisfeito porque meu livro Tapuio – do nascer ao entardecer – (2020), editado para marcar seus 65 anos de vida, teve e continua angariando leitores.

Tomo a liberdade de publicar dois depoimentos que trouxeram emoção, pelos quais sou grato às palavras de estímulo, sem, contudo, deixar ressaltar o apreço por outros que o livro se fez merecedor e que oportunamente serão publicados.

José Nunes e seu TAPUIO
Waldemar José Solha

“Olhando para trás, encontro o místico buscando o sumo Bem, o artista captando o Belo, e o filósofo, a Verdade. Não sou nenhum dos três, mas sinto-me gratificado com o Bem, com o Belo e com a Verdade.”


O jornalista Nathanel Alves aqui e ali me ligava - nos anos 70, 80, pedindo-me pra ir ao terraço de sua casa – ali perto do Espaço Cultural – porque a angústia era grande e precisava de companhia. Curiosamente, nada falávamos a respeito. Ele devia fazer o mesmo com outros, pois muitas vezes Gonzaga Rodrigues estava lá, como lá estava, também, um jovem fascinado pelas crônicas e inteireza dos dois:

Um latifúndio de seus minifúndios
Nathanel Alves

"José Nunes, autor, por sinal, de 'Uma Vida Bem Escrita' (biografia do Gonzaga, de 2008), e de 'Um Terraço para Nathan' (biografia do Nathan, de 2003). Não é fácil fazer arte, de qualquer gênero, em João Pessoa, pois o padrão estabelecido por vivos e mortos, aqui – em todas as áreas – é altíssimo. Há muito me reconheço como nada mais, nada menos do que parte do caldo de cultura que existe apenas para que, quando menos se espere, aflore um gênio. Mas releia-se a epígrafe, que tirei do 'Tapuio', que acabo de ler, do José Nunes: “Olhando para trás, encontro o místico buscando o sumo Bem, o artista captando o Belo, e o filósofo, a Verdade. Não sou nenhum dos três, mas sinto-me gratificado com o Bem, com o Belo e com a Verdade. E ele é, realmente, tranquilo. Se pianista, seu repertório não teria um Rachmanínof, mas um Erik Satie, um 'Clair de Lune' do Debussy. Bom de versos, preferiu – daí Nathanael e Gonzaga de modelos, na juventude – a poesia em prosa, que é a crônica. Para quem o lê nos jornais 'há séculos', como eu, vê que 'Tapuio' é, de repente, um longa-metragem de seus curtas, um latifúndio de seus minifúndios que foram as paisagens de sua infância, sobre as quais conclui-se que hoje são fotos na parede, 'mas como doem'. Que o digam os closes que ele fez do pai e da mãe”.


Outra opinião, que gostaria de partilhar, é da poetisa e historiadora Ana Maria César, da Academia Pernambucana de Letras, que no final do ano de 2020, publicou o livro Três Homens Chamados João – Uma Tragédia em 1930. Em carta eletrônica, assim se expressou sobre meu trabalho:

Um canto de amor à sua terra
Ana Maria César

“José Nunes, seu livro Tapuio é um canto de amor a sua terra, à gente que é também sua gente. Tem trechos antológicos, de uma poética imensa. Algumas passagens li e reli, como a do capítulo A terra da solidão. Parabéns e obrigada por me fazer mergulhar nas profundezas do nosso sertão. Aliás, um dos livros que mais me impactaram foi A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Li quando era jovem e revê-lo se faz necessário. Registrar paisagens, memórias, sentimentos é criar história. Você escreve com um sentimento belo e triste, poético e quase trágico. Maravilha.”


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