A princípio, o cenário nos remonta a algumas cidades históricas do interior do Brasil. Não as do tempo atual, mas de um passado distante....

O romantismo desenhado

gotland suecia mar baltico escandinavia visby
A princípio, o cenário nos remonta a algumas cidades históricas do interior do Brasil. Não as do tempo atual, mas de um passado distante. O traçado urbano, o lirismo das fachadas, a tranquilidade de outrora, a sensação de paz e segurança, todas as emoções que convergem em busca de um tempo perdido.

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Mas, em Visby, na Suécia, esse tempo está muito longe de se perder. Lá só se tem a ganhar. A arquitetura inserida na melhor posição de um relevo enriquecido pelo privilégio de estar às margens do Mar Báltico se associa à originalidade dos ladrilhos que pavimentam suas ruas sinuosas e enladeiradas. E que arquitetura! Fachadas se sucedem tal qual colcheias em uma partitura de uma sonata barroca, variando cores e desenhos, numa multiplicidade encantadora, entrelaçadas pela mais pura harmonia.

E o encanto se estende às janelas, contornadas por molduras de diversos tons e formas, debruçadas sobre parapeitos, externos e internos, adornados com elevadas doses daquele romantismo peculiar a quem tem a arte correndo nas veias do corpo e no brilho da aura. Se ousarmos um olhar que se adentre à intimidade dos seus lares, vê-se, sem supresa, que a poesia se imanta nos ambientes cheios de vida, paz e o silêncio acolhedor, hoje cada vez mais raro, inexistente em cidades que dele não cuidam.

Nos jardins, o bom gosto não poderia ser diferente. E vai da seleção das flores ao desenho dos canteiros, dos tipos de vasos à composição, idem harmônica, que inclui até utensílios e bicicletas, que dormem ao relento, livres e soltas.

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Visby é assim, um exemplo de arquitetura pelo mundo poucas vezes encontrados e restrito às pequenas cidades, onde ainda se cultivam hábitos sadios e pautados em princípios de bom gosto e cidadania. Quisera seus cenários não se percam na nostalgia de um bucólico passado e sejam mantidos, como os carteiros de bicicleta que vimos, não tão longe no tempo, pelas vielas de Provins, pertinho de Paris...

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Para completar o visual que estampa o background paisagístico de Visby, esta pérola da ilha Gotland, nada mais do que o belo e sereno Mar Báltico, que oferece aos seus moradores, todas as tardes, e no verão às 10 da noite, monumentais crepúsculos de encher a vista e a alma com a grata lembrança dos tempos idos. Visby é assim.

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  1. Mercedes (Pepita) Pessoa Cavalcanti4/2/22 22:39

    Texto que fala da pulcridade dos tempos idos que, como num túnel do tempo, presentifica-se em Visby. Para além do Barroco brasileiro, saltam janelas "cutcut", incrustadas no alto, formando "casinhas" a brotarem dos simpáticos telhados. Espelho, espelho meu, existe alguma paisagem mais idílica??

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    1. Obrigado, Pepita. Lá também as flores andam, como você

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  2. " Fachadas se sucedem tal qual colcheias em uma partitura de uma sonata barroca". Beleza pura!

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  3. Aulas de uma disciplina que bem poderíamos chamar de "geografia romântica".

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  4. Ângela Bezerra de Castro9/2/22 13:47

    Adorei Visby, levada pelo olhar de sua sensibilidade. Tanta beleza, tanto romantismo que parece inventada. Tenho uma Visby na memória e no coração. Não é europeia, por isso não tem a tradição cultural que você ressalta com tanto lirismo. Mas está situada numa serra verde, de clima ameno, onde não falta a beleza das dálias, das acácias, das rainhas do prado e dos flamboyants. Araruna da minha infância, que anda comigo como aquele sítio que Gonzaga imortalizou em sua crônica. Ainda é lá que me abrigo, quando preciso fugir da dor. Lá onde tudo era certeza e acolhimento. E ninguém estava morto...

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