Equivocam-se os que relegam a validade dos mercados públicos, os que entendem que aqueles espeços estão superados. Engano, eles apenas não são administrados com o respeito devido a sua histórica e fiel clientela.
Que clientela? A que não vai onde não pode regatear. Onde os preços só privilegiam, unilateralmente, os donos da maquininha de remarcação, hoje já em voga diária, querendo lembrar os tempos de Sarney, depois do fracasso de seu plano.
Que clientela? A que não vai onde não pode regatear. Onde os preços só privilegiam, unilateralmente, os donos da maquininha de remarcação, hoje já em voga diária, querendo lembrar os tempos de Sarney, depois do fracasso de seu plano.
E não é pouca gente. É pobre, muitos abaixo da linha da pobreza, mas não é pequena. E os que ditam os preços, amparados nas leis do mercado, só tendem a aumentá-la.
No estreitíssimo âmbito de meus passeios, ganha em abandono o mercadão do Bairro dos Estados. Não é de agora, da gestão atual e nem de uma ou duas gestões passadas. Inexplicavelmente, muito mais pontos vieram desativar no amplo interior do pavilhão do que na área externa de barracas. Esta parte, aberta ao varejo de carnes, frutas, legumes e verduras tornou-se um esgoto a céu aberto. A vassoura, a creolina ou desinfetante correm, quando isso acontece, por conta do barraqueiro. E mesmo assim mantém concorridíssimos, um peitando no outro, os seus dias de feira, a sexta e o sábado.
Quem perdeu o costume de regatear ou faz uso rotineiro do cartão – o que é muito cômodo - entra no supermercado ao lado, higienizado, cheiroso, ocupando quase todo um quarteirão da rua; quem já leva para as compras o contado e espichado sai driblando o escorrego entre as barracas a que se reduz hoje o antigo mercadão de Terceiro Neto. Construído para o cômodo da família do bairro mais elegante da cidade, avizinhado das mais belas mansões, terminou como alternativa de feira de uma maioria que compra para a subsistência. E não é pouca, o dinheirinho é que é miúdo.
Já a Torre, que era assim, aburguesou-se. O caju custa dois reais sem escolha. Propus, já de cajus na mão, que fizesse 3 por R$5!”. E ouvi do vendedor, falando por cima do tabuleiro: “Pode deixar aí.” Ouvi com a raiva de quem mora na terra do caju, mas terminei aderindo, em pensamento, a esse vendedor que faz parte dos 14 milhões sem emprego ou dos 40 milhões abaixo do salário mínimo.
Voltando ao tema inicial: não sei, quem deve saber é o prefeito que escolhi, mas o serviço público que presta um mercado não é coisa de o poder público ignorar. O glorioso Mercado Central, que abasteceu as mais nobres despensas da antiga cidade, mantém-se em permanente congestão de demanda. Passou por reforma que precisa ser completada. A parte de cima, onde a reforma de Ricardo não alcançou, é um lixo. Talvez seja ali, suponho, que se pretende construir um edifício-garagem. Para atender que demanda (?). Certamente a do próprio mercado.