ENTRE PARÊNTESES - Poemas
"Qual é a sua identidade? De que memórias você não abre mão? Como é conviver com seus desatinos, seus animais e a natureza que cerca você e envolve seu cotidiano? Essas são algumas das indagações que o livro ENTRE PARÊNTESES – POEMAS, de Marineuma de Oliveira, traz, propondo reflexões de cunho existencial."
Nota da autora:
“Na verdade, não sou poeta da beleza sonora, da forma perfeita nem do verso simétrico e bem traçado. Gosto dos versos livres, que flexibilizam os sentidos, e de rimas esparsas, não obrigatórias, as quais marcam uma cadência deliberadamente aleatória, assim como gosto de brincar com as palavras, como em um jogo. E sobre o que eu escrevo? O que me inspira a escrever? São as memórias afetivas que carrego e que me forjaram uma identidade construída, principalmente, no seio de uma família que tem veia artística, os fatos corriqueiros do cotidiano, a natureza que me cerca, meus animais, as coisas simples do dia a dia, os desatinos de minha juventude e dos meus sentimentos. Olho em volta e vou tecendo meus poemas, sempre com uma mistura de incredulidade e de consternação, diante das perguntas sem respostas e de explicações nas quais não consigo acreditar.”
Alguns poemas do livro:
DA POESIA
A palavra escolhida dentre tantas: decantada. Um verso correndo solto, por linhas tortas, em travessia desabalada. Um poema sem estética refinada nem métrica calculada, arquitetado na forja fria da criação. E se isso, assim transfigurado, diz de mim e do que sinto, em enlevos de inspiração, é, sim, poesia. Por que não?!
A palavra escolhida dentre tantas: decantada. Um verso correndo solto, por linhas tortas, em travessia desabalada. Um poema sem estética refinada nem métrica calculada, arquitetado na forja fria da criação. E se isso, assim transfigurado, diz de mim e do que sinto, em enlevos de inspiração, é, sim, poesia. Por que não?!
PERSPECTIVA
Às vezes, o instinto de preservação e de sobrevivência. Em outras, ante o porvir, a inércia e a indiferença. Entre conjecturas e descrenças, vou mitigando minha existência.
Às vezes, o instinto de preservação e de sobrevivência. Em outras, ante o porvir, a inércia e a indiferença. Entre conjecturas e descrenças, vou mitigando minha existência.
DIGITAIS
As mãos, labirintos em veias e calos, revelam o caminho trilhado, marcando o passado, ora leve, ora fardo.
As mãos, labirintos em veias e calos, revelam o caminho trilhado, marcando o passado, ora leve, ora fardo.
GENOMA
Trago, no corpo e na alma, a ancestralidade e a memória afetiva que preservam em mim os traços daqueles que me antecederam. Eu vejo, no espelho, com espanto e empatia, os olhos do meu pai, o sorriso da minha mãe e as profundas rugas de expressão e de candura dos meus avós. Deixo, aos meus filhos, o código genético que nos transporta à futura geração, promovendo o milagre da perpetuação de nossa espécie.
Trago, no corpo e na alma, a ancestralidade e a memória afetiva que preservam em mim os traços daqueles que me antecederam. Eu vejo, no espelho, com espanto e empatia, os olhos do meu pai, o sorriso da minha mãe e as profundas rugas de expressão e de candura dos meus avós. Deixo, aos meus filhos, o código genético que nos transporta à futura geração, promovendo o milagre da perpetuação de nossa espécie.
ARCO-ÍRIS
Nunca tive lápis de cor. A outra ganhou uma caixa novinha, trinta e seis cores, de encher os olhos. Não contei conversa: peguei para mim os cotocos que ela teimava em usar para não gastar os novos. A tia da menina foi, na minha casa, dizer a minha mãe que eu roubara os lápis da sobrinha. Jurei que nada sabia e me surpreendi com a certeza da minha inocência com que minha mãe me defendeu. Senti vergonha. E quando anoiteceu, sem que ninguém visse, deixei o arco-íris na porta de sua dona.
Nunca tive lápis de cor. A outra ganhou uma caixa novinha, trinta e seis cores, de encher os olhos. Não contei conversa: peguei para mim os cotocos que ela teimava em usar para não gastar os novos. A tia da menina foi, na minha casa, dizer a minha mãe que eu roubara os lápis da sobrinha. Jurei que nada sabia e me surpreendi com a certeza da minha inocência com que minha mãe me defendeu. Senti vergonha. E quando anoiteceu, sem que ninguém visse, deixei o arco-íris na porta de sua dona.
DETALHES
um toque de pele um jeito de olhar um cheiro de tempo passado pairando no ar
um toque de pele um jeito de olhar um cheiro de tempo passado pairando no ar
REGISTRO
Doutora em Linguística, a autora vem de uma família de músicos e ativistas culturais da cidade de Pocinhos. Atualmente, é professora da Universidade Federal da Paraíba, onde desenvolve projetos de pesquisa, de ensino e de extensão, alguns voltados para o uso da poesia em sala de aula. É apaixonada pelas artes em geral, mas é na leitura e na escrita literárias que se encontra, enquanto educadora e poetisa. Defende que a poesia é capaz de tocar as pessoas, se a elas for dado o direito de desenvolver o olhar poético para o que as cercam, por isso produz, a cada ano, um sarau para o qual escolhe um tema a ser trabalhado, a partir de poemas, músicas, performances, coreografias e artes visuais que o retratam. Esse espetáculo entra em cartaz em um teatro de João Pessoa, levando o público presente à emoção de refletir sobre a própria vida pelo viés da arte. Também é idealizadora e coordenadora do Poética Evocare, grupo que leva poesia a escolas e a eventos culturais e acadêmicos, sempre com o objetivo de incentivar o gosto pela leitura literária através de uma abordagem interdisciplinar, desenvolvendo habilidades artísticas dos participantes.
O livro Entre parênteses está à venda nas livrarias Leitura, dos shoppings Manaíra, Mangabeira, e Livraria do Luiz, em J. Pessoa. Disponível em e-book na Amazon.
Doutora em Linguística, a autora vem de uma família de músicos e ativistas culturais da cidade de Pocinhos. Atualmente, é professora da Universidade Federal da Paraíba, onde desenvolve projetos de pesquisa, de ensino e de extensão, alguns voltados para o uso da poesia em sala de aula. É apaixonada pelas artes em geral, mas é na leitura e na escrita literárias que se encontra, enquanto educadora e poetisa. Defende que a poesia é capaz de tocar as pessoas, se a elas for dado o direito de desenvolver o olhar poético para o que as cercam, por isso produz, a cada ano, um sarau para o qual escolhe um tema a ser trabalhado, a partir de poemas, músicas, performances, coreografias e artes visuais que o retratam. Esse espetáculo entra em cartaz em um teatro de João Pessoa, levando o público presente à emoção de refletir sobre a própria vida pelo viés da arte. Também é idealizadora e coordenadora do Poética Evocare, grupo que leva poesia a escolas e a eventos culturais e acadêmicos, sempre com o objetivo de incentivar o gosto pela leitura literária através de uma abordagem interdisciplinar, desenvolvendo habilidades artísticas dos participantes.
O livro Entre parênteses está à venda nas livrarias Leitura, dos shoppings Manaíra, Mangabeira, e Livraria do Luiz, em J. Pessoa. Disponível em e-book na Amazon.