Há momentos em que podemos nos dar ao luxo de pensar sobre o porquê de determinados acontecimentos ocorrerem em uma época, ano, ou em um ...

Caminhos da arte

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Há momentos em que podemos nos dar ao luxo de pensar sobre o porquê de determinados acontecimentos ocorrerem em uma época, ano, ou em um período qualquer da vida.

É comum pensar que a manifestação artística, tomando como exemplos a música e a literatura, vivem um declínio relativo com o que já foi produzido em determinado tempo, usualmente vinculados aos nossos tempos de juventude e estabelecendo esta fase como um marco imbatível de criatividade.

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É comum também ouvir alguém comentar “que no meu tempo a produção musical era mais rica do que hoje”. E estes critérios de julgamento ocorrem em fases da vida em que o consumo destes produtos no plano individual já não ocupam a mesma atenção e tempo que ocupavam no passado.

Há um descompromisso ou progressivo desinteresse com as novas produções resultantes das mudanças ocorridas pelas alterações dos valores e das percepções de novas realidades. Isto ocorre em maior ou menor grau seja a obra produzida por definição “erudita” ou “ popular”.

Assim pensado, isso evoca uma melhor educação para poucos, se comparada ao nivelamento por baixo do produto de consumo de massas, sem o rigor à luz de avaliações que considerem as mudanças sociais e políticas nas quais estão inseridas na história.

Visto desta forma, o julgamento do que é arte, de boa ou má qualidade, traz, à primeira vista, inegáveis componentes pré determinados em suas análises. Julgamentos, dos quais poucos escapam, vão se reproduzindo nas gerações seguintes sempre em detrimento do que venha a ser criado posteriormente.

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Seriam eles legítimos? Criteriosos? Verdadeiros? É relevante questionar que a massificação da produção artística segue quase sempre o caminho inverso da sua qualificação?

Sejam as respostas sim ou não, estaremos presumindo o fim da arte como meio de elevação espiritual do homem? Ou ela, a arte, segue um trajeto perene de modificação positiva e enriquecedora para todos nós?

A resposta, me parece estar mais na nossa percepção subjetiva do mundo, do que na presunção de uma observação metodológica e real.

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  1. Segundo Giulio Carlo Argan, em ARTE MODERNA, a arte - como tudo no mundo - teve um princípio, um meio e está em vias ( isso nos anos 70 ) de um fim. "Tal como as mitologias pagãs, a alquimia, o feudalismo, o artesanato são finitos, a arte pode acabar. Mas ao paganismo sucedeu-se o cristianismo, à alquimia a ciência; ao feudalismo as monarquias e, depois, o Estado burguês, ao artesanato a indústria: o que pode suceder à arte?"
    - "Desde a Bauhaus muitos artistas se mostram prontos a aceitar um novo serviço social, de menor prestígio. Entenderam que o artista-gênio agora é inatual, como o poeta-vate; e que, para se reinserir na sociedade, deve aceitar o sacrifício de seu individualismo absoluto."
    Daí tanto esmerado abajur e jarro.
    E o futuro?
    -" A arte passará para a dimensão do inconsciente, em que poderá ser um profundo modo de agir."
    Como assim?
    - "Nada de quadros, estátuas, palácios, objetos preciosos, e sim grandes soluções urbanísticas, unidades habitacionais, objetos de uso cotidiano, a fotografia, a publicidade, o rádio e a televisão, o cartaz, o videoteipe."
    Hobsbawm seguiu a mesma pisada. Disse - ainda no século XX - que não há, mais, picassos e matisses e que Cem Anos de Solidão foi a última obra literária de consenso universal.
    Não penso assim. Kubrick, Bergman, Kleber Mendonça Filho, Jane Campion, Spielberg, Almodovar, Tarantino, no cinema ( uma forma "nova" de Arte ), me parecem tão grandes quanto os picassos, matisses e gabos do passado.

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    1. É possível que ainda saia muito fumo na chaminé daquela casinha em cima da serra... quando o país dos cowboys apoderou-se do ocidente, a Arte virou, por um lado, antiquarismo e tanque de lavar dinheiro sujo de armas, mercenários e sonegações diversas, por outro, transformou-se num comboio acelerado em busca de mudanças novidadeiras que saciassem a goela do noticiário, da imprensa que se apossara desse e de outros assuntos. Uma carrilho descontrolado no rumo do abismo. Vamos aguardar mais um pouco. Os filósofos ocidentais, infelizmente, estão quase todos em cheque, atualmente.

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