As coisas estão muito desequilibradas. As ideias, digamos, progressistas ocuparam todos os espaços com a velocidade da luz. Na verdade conquistaram a hegemonia. A mídia é o dínamo do rolo compressor, até porque a turma da vanguarda é bastante influente nos meios de comunicação.
Dos donos das grandes redes ao autor de novela; do homem que faz o texto humorístico ao editor do telejornal, todo mundo parece manter uma sintonia fina com essa vanguarda de uma nota só. Como religiosos fanáticos obedecem a um único mandamento: Escandalizar.
Dos donos das grandes redes ao autor de novela; do homem que faz o texto humorístico ao editor do telejornal, todo mundo parece manter uma sintonia fina com essa vanguarda de uma nota só. Como religiosos fanáticos obedecem a um único mandamento: Escandalizar.
Engin Akyurt
Não que eu seja um conservador, alguém que esteja sentindo tanto o peso da idade que, assim sem nenhum receio, trata de defender o retrocesso, empinando um tardio balão saudosista que já nasce condenado a viver falando sozinho.
Mas é tanto desequilíbrio, a coisa pende tanto para um lado só, que a gente já começa a admitir a tese da necessidade de uma reação, talvez um leve sopro de conservadorismo, que, a essa altura dos acontecimentos, teria o impacto de um freio de arrumação.
Pior: Estamos dominados por certa letargia. Recebemos e repassamos automaticamente, sem nenhuma filtragem crítica, informações e ideias que desabam sobre as nossas cabeças como enormes sinos despregados da torre de uma catedral. Superestruturas diabólicas nos colocam contra a parede como policiais em batidas durante a madrugada. Aceitamos que nos esmaguem com aquela mesma placidez da cana entrando na moenda.
Photon_de
O mais grave é que tudo isso feriu de morte a família. Até o “flat” e o “fast-food” deram um empurrão nesse sentido. Senão, vejamos: Outro dia fui visitar um amigo, chefe de uma família até meio numerosa para os padrões atuais. Para meu espanto, logo após os cumprimentos, o cara me pegou pelo braço para exibir sua mais recente obra. A sala de jantar, a maior dependência da casa, fora transformada em um fantástico “theater”, com tudo que a tecnologia de ponta oferece.
Perguntei, então, com cara de babaca: E para onde foi a mesa de refeições? A resposta foi bem no diapasão dos moderninhos. Aliás, o amigo se mostrou delicado como um cantor de banda de forró de silicone: “Ah, meu amigo, ninguém come mais em casa. Nem a patroa”...
Acervo pessoal
Ora, sou de um tempo em que a sala de jantar era a parte mais importante da casa. Do tempo em que a mesa de refeições --a mesa grande, era a fortaleza da família. Do tempo em que, da boca do cidadão que ocupava a cabeça da mesa grande saíam os ensinamentos mais nobres, os princípios éticos que orientavam o clã. Voz que atualmente sai de um telão maior que o do finado Cine Plaza, da boca de uma figura que ninguém sabe quem é nem de onde veio.