Salvo engano, a Parábola do Filho Pródigo está no Evangelho de Lucas. Se não me falha a memória, é o capítulo 15, versículos 11 e seguintes. Embora sem ser religioso de carteirinha, meu pai sempre destacava essa passagem bíblica.
Agora, 50 anos após sua morte, contemplando a vastidão do mar do Cabo Branco, relembro com que entusiasmo ele me contava a história do filho que volta ao lar.
Mas, nesse belo episódio, meu pai – um imenso vazio que procuro em vão preencher - nunca destacava a figura do devasso arrependido, do perdulário inconseqüente, do derrotado que pede arrego a Deus.
Mário Batista Júnior Acervo do autor
Meu pai morreu aos 57 anos de idade, na antevéspera do Natal do ano de 1972. Só agora, passado tanto tempo, revendo “anotações existenciais” do velho, descubro que, para ele, a salvação aconteceria aqui mesmo na Terra, no serviço que o homem presta ao semelhante - e não obedecendo a preceitos estranhos à humanidade.