Criei uma ilha só pra mim
do deserto dos homens me isolei
só queria avisar que me encontrei
ao contato comigo, desejei
que outros homens também se descobrissem.
Eu andava assombrado e muito triste
ao olhar para o mundo em desespero
a cobiça assolando qual vespeiro
à procura da luz, sem a tocar
Vi as guerras matando muita gente
por riquezas, por terras, ou por prazer
vi as bestas humanas enlouquecidas
por domínio, controle e poder
Vi crianças e mulheres abandonadas
pelos homens em busca de aventuras
vi a fome sentar sem a ventura
de uma côdea de pão pra arrefecer
o destino cruel das criaturas
que vieram a este mundo pra sofrer
Vi igrejas e templos com pastores
vigiando ovelhas, pra vender
tudo em nome dos deuses vingadores
odientos, iguais a nós humanos
com os vícios que a nós, fazem tremer!
Conheci em minha ilha acolhimento
compreendi, que blasfêmia e lamento
são ferrões a ferir e envenenar
procurei o Alcorão e a Torá
O Bagavadevitá e a Bíblia,
foram séculos de busca sem cessar
todos ensinamentos estavam lá
mas distante de mim, sem encontrar
Quando um dia, por fim, velho e cansado
descobri que a luz estava em mim
e as verdades que há muito procurava
só podia encontrar no meu jardim
no oásis, da vida imortal
e da vida perene, impermanente
numa luta constante impertinente
onde o amor e o bem, vencem o mal
E que após toda morte, não há fim!
Conselhos,
Já dizia minha avó que conselho não é bom uns não seguem nem a pau outros quando se dão mal culpam o aconselhador Por isso estou vendendo alguns conselhos modestos segue meu pix em anexo pague quem quiser ouvir: Use as palavras, poeta, sem medo ou moderação não há contraindicação para o uso sem cautela Use pra cima e pra baixo Pros lados, prá frente e pra trás não tenha medo rapaz dos críticos de ocasião Treine, treine, todo dia os dedos são seus meu nego o teclado ou caderneta papel de enrolar sabão faça uso até do chão Para escrever poesia Quando estiver com azia dor de barriga, coçeira na língua ao ver a doideira em que se tornou seu país Pegue uma caixa de giz ou uma lata de tinta Use qualquer quadro negro ou os muros da esquina Para sacar poesia enquanto a pipa empina. Lembre-se de Basquiat pelos muros da cidade escrevia sem parar em papel, madeira ou tela Não queria engasgar com as palavras queimando seu estômago indo pra goela Outro que não sentia esse medo das palavras O menestrel português jamais economizou nos versos de sua lavra até usou heterônimos demonstrando sua raiva os dramas da existência ou o amor queimando em brasa Foi tanto desassossego que escrevia até em pé se a cadeira lhe faltava até hoje é repetido Por essas longínquas plagas Não tenha medo poeta, que as palavras não mordem antes são o aconchego quando a dor incomoda a revolta insensata bate forte em sua casa. Deixe o povo falar reclamar, xingar, pular para moleque mimado Não há remédio melhor que uma surra de palavras!
Já dizia minha avó que conselho não é bom uns não seguem nem a pau outros quando se dão mal culpam o aconselhador Por isso estou vendendo alguns conselhos modestos segue meu pix em anexo pague quem quiser ouvir: Use as palavras, poeta, sem medo ou moderação não há contraindicação para o uso sem cautela Use pra cima e pra baixo Pros lados, prá frente e pra trás não tenha medo rapaz dos críticos de ocasião Treine, treine, todo dia os dedos são seus meu nego o teclado ou caderneta papel de enrolar sabão faça uso até do chão Para escrever poesia Quando estiver com azia dor de barriga, coçeira na língua ao ver a doideira em que se tornou seu país Pegue uma caixa de giz ou uma lata de tinta Use qualquer quadro negro ou os muros da esquina Para sacar poesia enquanto a pipa empina. Lembre-se de Basquiat pelos muros da cidade escrevia sem parar em papel, madeira ou tela Não queria engasgar com as palavras queimando seu estômago indo pra goela Outro que não sentia esse medo das palavras O menestrel português jamais economizou nos versos de sua lavra até usou heterônimos demonstrando sua raiva os dramas da existência ou o amor queimando em brasa Foi tanto desassossego que escrevia até em pé se a cadeira lhe faltava até hoje é repetido Por essas longínquas plagas Não tenha medo poeta, que as palavras não mordem antes são o aconchego quando a dor incomoda a revolta insensata bate forte em sua casa. Deixe o povo falar reclamar, xingar, pular para moleque mimado Não há remédio melhor que uma surra de palavras!
Vânia de Farias Castro é advogada e poetisa