Aproveitando o sucesso da nova série da Globo Play sobre Nara Leão, que ainda não vi, lembrei de uma visitinha às Lojas Americanas, num sábado à tarde, quando me deparei com todos os seus LPs dos velhos tempos, em forma de CDs, e tudo por 9,90... No meio\ das compras, um CD dela, cantando Opinião , O Barquinho, A Rita... que saudade da Rita e de outras coisitas...!!!
Fiquei a viajar no tempo, no momento político da época e no meu fascínio por televisão, por música e principalmente pelos Festivais da Record. Não perdia um. E ainda me lembro da emoção que senti quando vi um cabeludo de voz amaciada e rebelde cantando Alegria Alegria. Até hoje é uma música única nos meus dias. E haja a ouvir Nara, A Banda, Carolina,... e lá se foram os anos...
Ao escutar músicas, como Opinião, O Morro, penso no romantismo que se tinha em relação ao Morro, às favelas. Que tristeza ao constatar o Morro de hoje, o tráfico, o crime organizado, a violência. E essas músicas me soaram tão distantes, tão ingênuas. Aliás, como todas as outras...
Lembrei-me também de um fato lá pelos meados dos anos 70. Estava eu em casa, no apartamento do Gravatá, sábado de manhã, quando tocou a campainha. Para meu espanto, chegava à minha porta a própria Nara Leão, ao vivo e a cores. Eu, claro, quase caí dura! Ela passeava com um amigo, e este foi até a minha casa para apresentá-la ao artista Flávio Tavares. Mas a artista aqui, e fã, foi quem realmente tirou proveito de estar diante de um ídolo dos festivais e da Música Popular Brasileira. Nara estava super “normal”, de biquíni e canga amarrada na cintura. Quando se sentou nos meus tamboretes da sala-hippie-de-jantar, não pude deixar de apreciar seus famosos joelhos, que, para meu gosto feminino/crítico, eram grossos demais... Nara faria um show à noite no Teatro Santa Rosa, o qual aplaudi incessantemente. Engraçado esse fascínio que os artistas exercem sobre pessoas “comuns”.
Anos depois, quando soube da sua morte, chorei como se fosse alguém conhecido e querido, e não podia dizer que não era. Até hoje ouço João e Maria, com a mesma emoção de quando ouvi Carolina pela primeira vez, ou deixei a Banda passar na minha própria janela...
A música tem disso. É atemporal e tampouco tem espaço fixo. Viaja pelo vento. Assim como os perfumes, aromas e cheiros; traz os fatos à tona e, o melhor, traz o tempo de volta. E o barquinho vai e o barquinho vem...!