A Física clássica ou newtoniana (de Isaac Newton – 1642–1726/27) denomina os líquidos e os gases de fluidos, substâncias que possuem a propriedade de fluir ou escoar e que assumem o formato do recipiente em que se encontram. O escoamento dos fluidos, muito facilmente observado nos líquidos, resulta de uma deformação ocorrida sempre que uma força é aplicada, paralelamente, à sua superfície. Essa força é denominada tensão de cisalhamento, tensão tangencial ou de tensão de corte. Nessas condições, os fluidos se deslocam com fluidez, ainda que mantenham o volume constante. Por menor que seja a tensão de cisalhamento, os fluidos sempre apresentam alguma deformação.
Em consonância com o conhecimento científico, André Luiz afirma:
Definimos o fluido, dessa ou daquela procedência, como um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas.
Temos assim, os fluidos líquidos, elásticos ou aeriformes e outrora chamados fluidos imponderáveis, tido como agentes dos fenômenos luminosos, caloríferos e outros mais.
Ao compararmos os dois conceitos, o científico e o espírita, percebe-se que o primeiro (científico) denomina fluidos apenas os líquidos e os gases. O Espiritismo, porém, amplia a ideia, apresentando uma ampla variedade de fluidos: magnéticos, vitais (presentes em todos os seres vivos da Criação), mentais e, também, os fluidos existentes na realidade extrafísica para onde o ser humano passa a viver após a morte do corpo físico:
No Plano Espiritual, o homem desencarnado vai lidar mais diretamente com um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, uma vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana em processo vitalista, semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa no cosmo, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.
Segundo os postulados espíritas, os fluidos e todos os demais tipos de matérias existentes na Terra e no Universo têm origem no Fluido cósmico universal, também denominado Matéria cósmica primitiva:
O fluido cósmico universal [...] é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade [...] e o de materialização ou de ponderabilidade [...].
Tais esclarecimentos, transmitidos pelos orientadores espirituais, merecerão a atenção da Ciência do futuro, talvez mais cedo que possamos imaginar. Enquanto isso não acontece, observamos que a Física vem desenvolvendo estudos e pesquisas relacionados a outros tipos de fluidos que não se enquadram, a rigor, na classificação de Isaac Newton: os fluidos viscosos.
Os fluidos viscosos são denominados fluidos porque apresentam características indicadas pela Física clássica: deformam- -se continuamente sob ação de forças de cisalhamento, escoam-se, ainda que não tão facilmente, e se adaptam à forma do recipiente. Exemplos: o mel e o piche. A diferença é que essas duas substâncias possuem viscosidade, incomum nos demais fluidos. Na verdade, os fluidos viscosos parecem ser algo intermediário: nem são fluidos, propriamente ditos, e muito menos sólidos, pois os seus átomos não estão organizados de forma simétrica e rígida, formando uma rede cristalina.
Em tempo: viscosidade é a propriedade física que caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento, em dada temperatura: “[...] Muitos fluidos, como a água ou a maioria dos gases, satisfazem os critérios de Newton e por isso são conhecidos como fluidos newtonianos. Os fluidos não newtonianos [viscosos] têm um comportamento mais complexo e não linear.”, tal como acontece com os líquidos e os gases. O motivo é porque os fluidos viscosos apresentam viscosidade variável, mesmo quando se referem a uma mesma substância. Por exemplo: o mel pode apresentar gradações de viscosidade.5 Assim, pela união da Ciência à tecnologia tem sido possível produzir inúmeros fluidos não newtonianos, fato que muito tem facilitado a vida cotidiana. Os principais fluidos viscosos (não newtonianos) produzidos atualmente são:
• Suspensão coloidal ou aerossóis: mistura heterogênea, composta de um sólido ou de um líquido, dispersa por um gás. Ex.: aerossóis spray, como os desodorantes.
• Emulsão: dispersão de um líquido em outro líquido. Ex.: creme chantilly, maionese (o óleo é disperso na gema do ovo). • Espuma: dispersão de um gás no meio sólido ou líquido. Ex.: espuma de barbear, chantilly spray. • Sol: sólido disperso em um líquido. Ex.: colas, gomas em geral, medicamentos (leite de magnésia).
• Gel: sólido gelatinoso suspenso no meio líquido: são líquidos que apresentam a aparência de sólidos: o sangue, as geleias, o ketchup, o álcool em gel, as tintas, o petróleo etc.
Como o conhecimento é progressivo, surpreendentemente foi encontrado um tipo de fluido viscoso situado no outro extremo dos líquidos e gases (fluidos newtonianos): são os fluidos viscosos espessos.
A viscosidade neles é tão intensa que podem se enrolar, balançar, torcer e serpentear. São fluidos que apresentam a forma de uma corda líquida:
Correntes descendentes de fluido espesso podem se enrolar em quatro estilos distintos, dependendo do equilíbrio entre as forças gravitacional, inercial e viscosa (friccional). Nesses exemplos, os autores derramaram óleo de silicone em uma placa de metal a partir de uma altura variável. [...] Óleos com as viscosidades usadas nesses experimentos [...] levariam alguns minutos para escorrer de uma colher [...]
Os fluidos viscosos espessos, conhecidos até o momento, estão classificados em quatro modalidades:
a) Modo viscoso: “Quando cai de uma altura pequena – de 4 a 8 mm – a corda se comporta como pasta de dente saindo lentamente do tubo. O fluido se enrola tão devagar que tanto a gravidade quanto a inércia são desprezíveis como as forças viscosas. A força viscosa dominante é a que resiste ao dobramento”.
b) Modo gravitacional: “No intervalo de alturas entre 1,5 e 7 cm, a gravidade se torna um fator importante. A corda tem uma estrutura de duas partes, com uma longa cauda acima e um enrolamento abaixo. [...] O equilíbrio de forças na cauda faz com que ela se comporte como uma corrente que se balança para os lados [...]”.
c) Modo pendular: “No intervalo de altura de entre 7 e 12 cm, a cauda balança como um pêndulo, embora de forma incomum, porque a sua massa está espalhada pelo comprimento, em vez de concentrada em um ponto pesado [...] A cauda então se enrola em um grande círculo”.
d) Modo inercial: “Acima de 15 cm a cauda é quase perfeitamente vertical porque o enrolamento não exerce mais uma força lateral significativa”.
Na verdade, as pesquisas e os estudos a respeito do assunto ainda são muito recentes. Os físicos e cientistas ainda não sabem direito como as coisas acontecem, não só quanto aos quatro distintos tipos de enrolamentos dos fluidos (viscosos, gravitacional, pendular e inercial), mas, também, quanto a certos fenômenos estranhos que as investigações cientificas têm detectado, como as “ondas espirais de bolhas”. Não resta dúvida de que a Física tem muito a pesquisar e a compreender a respeito das “cordas líquidas”, os novos fluidos descobertos pela Ciência. São fluidos viscosos percebidos no mundo físico em que estamos reencarnados, mas que também foram encontrados, na forma de um padrão, nas galáxias: bolhas compostas de cinco espirais, mantidas em órbitas circulares próprias.
Ao escrever a respeito da manifestação dos dois estados distintos do fluido cósmico universal, o de eterização e o de materialização, Allan Kardec assinala que há um ponto intermediário entre ambos, que, obviamente, definem uma série de ocorrências ainda desconhecidas de todos nós, mas que, possivelmente, já começam a ser visualizados pelos cientistas. O Codificador faz, ao final do seu texto, as seguintes indagações:
Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Ela talvez somente seja compacta em relação aos nossos sentidos, e o que o provaria é a facilidade com que os fluidos espirituais e os Espíritos a atravessam, aos quais não oferece maior obstáculo do que o que os corpos transparentes oferecem à luz. [...]
Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é capaz de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supor que assim fosse. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do Mundo Invisível; o futuro, por certo, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que para nós ainda é mistério.