“I have a dream
A song to sing
To help me cope
With anything...”
(I Have a Dream - Abba)
A song to sing
To help me cope
With anything...”
(I Have a Dream - Abba)
Crenças não combinam bem com a minha formação científica. Mas parece que esta noite eu tive uma experiência transcendental. Pois é o que a minha alegria de ignorante do assunto está me fazendo pensar.
O conjunto musical sueco ABBA compôs uma bela canção chamada I Have a Dream , lançada em 1979. A música é grega em seu ritmo, crescendo do binário ao terciário, até terminar em compasso quaternário, na qual diz: “...I believe in Angels...” Belíssima, mesmo.
Pois bem, vou relatar para vocês o que aconteceu a este incréu. Ontem à noite fui dormir com o coração partido ao ver a minha alegria doméstica partir para a urgência do hospital, levada, agora acredito, por um anjo chamado Danielle. Isso deixou-nos muito tristes, a mim e Ilma, porém esperançosos.
Nas histórias religiosas geralmente os anjos salvam os nossos inocentes e os trazem de volta. Porém muitas vezes anjos levam as nossas crianças, que não voltam mais. Existem, também, anjos maus.
A pior referência na história moderna é o falecido médico nazista (parece uma contradição ser salvador como médico e ser indiferente ao sofrimento alheio, na qualidade (?) de nazista. Mas existem, sabia?) Joseph Mengelle, alcunhado O Anjo da Morte, pelas mortes que causaram as suas experiências com crianças judias, numa total indiferença à vida e ao sofrimento alheio. No caso me refiro aos males que ele causou a milhares de crianças que estavam presas com seus pais nos campos de concentração nos territórios ocupados pela Alemanha durante a Segunda Grande Guerra, especialmente na Polônia. Terrível é saber que ele ainda tem adeptos por esse mundo afora, especialmente no Brasil, agindo por ação contra crianças, alguns como o monstro vereador infanticida do Rio de Janeiro; ou por omissão, outros, quando negam o direito à vacina e à vida saudável.
Mas na verdade, anjos levam mas também trazem. Foi o que descobri que aconteceu com Lina Rossa, a minha “governanta da casa”, a moral sobre os nossos bichinhos.
Danielle levou-a delicadamente acomodada em sua caixa protetora, forrada com uma camisa usada minha, com o meu odor, para mantê-la acalmada. Ela partiu moribunda, sem forças nem ânimo para subir até onde está a sua comida, nem para beber, indiferente a tudo.
Comovida com a minha aflição, Dra. Marluce veio em meu socorro, amainando a minha angústia, não apenas de forma medicamentosa como também com uma deliciosa cesta de doces e pães caseiros especiais.
Mas eis que amanheci com Lina sorrindo de volta ao nosso lar, com apetite, bebendo água espontaneamente, com força suficiente para alcançar o seu pratinho sobre o balcão da área de serviço! E com a moral de volta aos olhos, especialmente para o moleque do Luc, o gatinho adolescente de Henrique que não quer respeitar ninguém e que estamos hospedando no nosso apartamento.
"A sua chegada foi triunfal: aberta a portinhola, não saiu da caixa imediatamente. Deu uma paradinha charmosa à portinhola, olhou os presentes em torno, e com a cauda formando uma clave de sol, deu os primeiros passos para fora, parando ao meio da roda. Todos os bichos ansiosos, de duas, quatro e até três patinhas."
Lina, ciente da liturgia do cargo de Governanta dos Bichos (mais do que certas autoridades), deixou-se cheirar por cada um, mantendo a distância regimental. Depois deu meia volta, dirigiu-se à tigelinha, tomou alguns goles dágua e deu um salto para comer um pouco de ração, em seu lugar no balcão.
Não acreditei quando vi a sua disposição, a luz de volta aos seus olhos, antes baços. E aos meus olhos também. E o sorriso de volta aos meus lábios!
Seja bem-vinda, Lina Rosa Pires de Sá Espínola, de volta ao lar!
Somos eternamente agradecidos a você, Danielle Lacet Magalhães, nossa Anja da Guarda!