Nós, os passageiros do século passado e os de embarque mais recente no planeta, habitamos a esquina do tempo onde é possível o convívio com fábulas antigas e os milagres modernos da ciência e da tecnologia.
Foi assim em fevereiro de 2012, quando um engenho humano despachado até Marte ergueu suas lentes e divisou, ao Sol poente, dois pontinhos insignificantes. Um deles era a Lua. O outro, não muito maior, a Terra, com todos os seus dramas, tragédias, prantos, risos e conquistas.
Tudo isso na circunferência de um grão de areia, à vista do robozinho Curiosity. Tudo isso, quase imperceptivelmente, no que pese a pequena distância Terra/Marte, um nada cosmológico.
É este o tempo das conquistas espaciais. E, do mesmo modo, também é o tempo de velhas lições. Uma delas nos traz a mensagem urgente e indispensável (pois cada vez mais necessária) do Beija-Flor e sua fábula. Nunca a história de um pingo d'água no bico contra o fogo que devasta a mata se fez tão oportuna.
Pó de estrelas, a exemplo do solo em que pisamos e de tudo o que nos rodeia, precisamos, cada um de nós, fazer a nossa parte por um mundo melhor, menos desigual, mais justo e mais digno.
Tenhamos todos, neste 2022, a disposição, a firmeza e o caráter de um passarinho. No mais, Feliz Ano Novo para todos.