... e nem sei se aproveitei       I A magia da palavra aflora quando lhe mostro, agora, como a escrita habilita nossa ...

12 esboços de estrofes que encontrei em minhas coisas...

poesia imagem metafora historia cultura solha
... e nem sei se aproveitei
 
 
 
I
A magia da palavra aflora quando lhe mostro, agora, como a escrita habilita nossa mente a ver - ao ler - imagens para as quais ela se programa, feito se cada expressão fosse de frames feita, ou fotogramas, como quando escrevo que a l/e/v/e a/l/v/u/r/a d/a v/e/l/a d/o b/a/r/c/o, por exemplo l/e/v/a o p/e/s/o d/a n/a/u/, c/o/m/o s/e e/l/a f/o/s/s/e u/m/a f/é s/e/m t/e/m/p/l/o/, v/i/r/t/u/a/l
II
Nada é mais leve do que a palavra leve. Nada tem o peso obeso da palavra peso.
III
P/i/s/e n/o a/c/e/l/e/r/a/d/o/r e v/e/j/a/, n/o r/e/t/r/o/v/i/s/o/r/, a r/u/a/ – /f/u/g/i/t/i/v/a/ - /q/u/e s/e a/f/u/n/d/a p/r/a t/r/á/s/, n/a p/e/r/s/p/e/c/t/i/v/a/, a/t/é q/u/e a s/é/r/i/e d/e p/o/s/t/e/s/, /b/a/r/e/s/, /b/a/n/c/o/s/, /l/o/j/a/s/,/ p/r/é/d/i/o/s/, c/a/s/a/s n/a/d/a m/a/i/s t/r/a/z e t/u/d/o s/e e/n/c/o/l/h/e/: v/ê/-s/e a c/i/d/a/d/e t/o/d/a/, q/u/e s/e r/e/c/o/l/h/e e a r/u/a/,/ q/u/e/,/ d/e r/e/p/e/n/t/e/, s/e/m m/u/d/a/r/ n/a/d/a/, é e/s/t/r/a/d/a/.
IV
minha memória de velho – em perigo - é como um filme antigo, em que o resto do elenco, pra meu desconforto, está quase todo morto. Essa época é tão minha quanto de Pero Vaz de Caminha.
V
Se a nanotecnologia é capaz de pôr toda uma engrenagem dentro do pingo de um i, o que faço aqui?
VI
Por que, escravo, sempre imperfeito, escrevo se a resposta a que me atrevo é a mesma que, com certeza, daria uma mulher sem beleza se lhe perguntassem por que - demoradamente - se banha e se perfuma e se penteia e se veste e se maquia e se adorna, com joias que várias vezes – criteriosamente – estorna, chegando, vez e outra, por incrível que pareça, a coqueterias como a de pôr, com certa graça, uma boina inclinada na cabeça?
VII
Veja o guerreiro que, faceiro, ante a vida dura que o forçou a usar armadura, sublimou-a, fazendo dela – parte por parte – pura obra de arte.
VIII
um bilhão e duzentos milhões de muçulmanos têm fé absoluta de que os quinze milhões de judeus – contra os quais são irados - estão errados, e os dois bilhões e cem milhões de cristãos (e os ateus e os pagãos ) além dos... trezentos e trinta milhões de budistas, novecentos milhões de hinduístas, três milhões de shintoístas, estão certos de que os muçulmanos é que estão equivocados.
IX
a filha, cheia de arrependimento, implora ao velho, com letras grandes, “Sorry!” e o velho, mesmo estranhando o ípsilon no lugar do i, sorri.
X
A Terra é um lugar seguro... ma non tropo: barco sempre alerta a mais um ... maremoto.
XI
O mais estranho é que, como todos, não me lembro de ter nascido, de modo que, se não tivesse – entre tantas outras coisas - visto os filhos dando o primeiro vagido, diria que... apareci. De um jeito ou de outro, a verdade é que realmente procedo da escuridão do cósmico segredo, da Coisa em Si.
XII
Aceito, e é o jeito, sem lirismo e autopiedade, ser a célula ambulante do... superorganismo que é a Humanidade. Um bom acadêmico já disse que – por arte de Malasartes – agimos (queiramos ou não) coletivamente, de modo que a um período “clássico” da História da Arte, sempre se seguirá um “barroco”, assim como ao levantamento da parede virá, sempre, o reboco, fase substituída, em seguida, por novo – mas nada inédito - lapso “clássico”, como coisa de um coletivo complexo de Édipo automático.

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também