Eu sou o que penso, e não o que quero. O pensar leva ao querer, é o querer quem provoca a ação. Ação sem querer é o mesmo que fazer sem vontade. Não existe caminho distante, o distante é o caminho sem propósito. Se penso, existo, se não penso não vou além de um organismo que permanece vivo, impulsionado por um coração que bate indiferente à minha vontade. Portanto, cuidado com o que pensa e deseja.
Mas terá seu efeito, como tudo na vida. Então este se manifestará sobre a vida existente no entorno do rio porque tudo faz parte de tudo, porque tudo depende de tudo. Afinal, é a planta que dá o fruto, é o fruto que dá a semente, é a semente que dá a planta.
O sentimento rio (para não dizer palavra) me fez pensar numa pequena estória sobre a ideia de que são nossos pensamentos que regem e definem nossas vidas. É semelhante àquela outra estória que diz que dentro de nós existem anjos e demônios e que vão crescer e nos acompanhar os que dermos vida e ouvidos. Pois bem, deixa contar... Uma grande estiagem, que durou sete anos, devastou plantações e secou fontes e reservatórios em volta de um povoado onde viviam duas mulheres que, igual a toda a população, recorriam a um poço, única ponto de provisão de água.
Diante daquele flagelo a vida e a morte estavam separados apenas pela maneira como cada uma olhava paras as adversidades. A primeira mulher via o céu azul refletido no espelho d’água; a segunda enxergava apenas o fundo cinzento do poço.
De tanto olhar, o fundo do poço começou a olhar para ela, e atraí-la. Numa manhã a outra mulher a encontrou morta.
Ela voltou para casa pensando que, diante de uma situação difícil só há duas coisas a fazer:
OU VOCÊ OLHA PARA O QUE O SALVA OU VOCÊ OLHA PARA O QUE O MATA!