Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes. Sabem não? Então, vamos encurtar: Cantinflas. Isso mesmo, aquela metralhadora verbal que encantava o ...

Pelos cotovelos

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Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes. Sabem não? Então, vamos encurtar: Cantinflas. Isso mesmo, aquela metralhadora verbal que encantava o público do cinema em partes diversas do mundo. O mexicano que saiu da extrema pobreza para a fama quase universal.

Lembrei dele ao me deparar, há pouco, com a informação de que seu nome está dicionarizado. Aparece no Dicionário da Real Academia Española para definir “pessoa que fala, ou atua,
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Cantinflas (1911—1993), em Pepe ▪ Direção: George Sidney ▪ 1960
de maneira disparatada, incongruente e sem nada dizer com substância”.

Cantinflas, de fato, falava pelas tripas do Judas para pouco ou nada dizer. Era justamente isso o que provocava as gargalhadas dos falantes de espanhol e português. Mas foi, infelizmente, o que o afastou da maior parte do público nos Estados Unidos e Europa, dada sua complexa tradução.

Falar pelos cotovelos, portar bigode esquisito, usar camisa de malha colada e calças frouxas à altura da virilha e, ainda, cultivar manias e trejeitos engraçadíssimos, tudo isso junto compunha a figura que sucessivas gerações adoravam, sobretudo, as de alma e sangue latinos.

Mas até que esse moço fez bonito na Meca do Cinema. Sua atuação em “A Volta ao Mundo em 80 Dias” rendeu-lhe o Golden Goble Award para Melhor Ator. Este filme, aliás, abiscoitou o Oscar de 1956. Cantinflas ali contracenou com astros e estrelas a exemplo de Shirley MacLaine, David Niven, Charles Boyer, Marlene Dietrich, Trevor Howard e Frank Sinatra. É mole?

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Cantinflas (Passepartout), Shirley MacLaine (Aouda) e David Niven (Phileas Fogg), em A Volta ao Mundo em 80 Dias ▪ Direção: Michael Anderson e John Farrow ▪ 1956
Nascido num reduto pobre da Cidade do México, em 1911, ele teve que trabalhar muito cedo como engraxate, aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista até o dia em que teve a oportunidade de substituir, de última hora, o apresentador de um espetáculo mambembe que adoecera. Pronto, havia descoberto a forma de dar certo na vida.

Produziu, ele mesmo, a maioria dos mais de 40 dos seus filmes, porquanto tratou de montar a própria companhia. Morreu em abril de 1993. Tomei conhecimento de sua existência, mal chegado em João Pessoa, ao comprar ingresso para “Pepe”, o segundo filme em que atuou nos Estados Unidos e um fracasso de crítica e bilheteria. Depois, me vieram, não necessariamente nessa ordem, “O Circo”, “Os Três Mosqueteiros”, “Nem Sangue Nem Areia”, “O Sabichão”, “O Analfabeto” e por aí vai...


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  1. Assim como o Carlitos - do Chaplin - tinha um sósia em Hitler, sempre vi Che Guevara como o de Cantinflas - pelo bigode que não emenda com a barba rala, e um certo ar matreiro. Ri muito com Cantinflas, quando menino Principalmente por uma fala que nem foi dele, em "Bombeiro Atômico", de 1952 ( eu tinha 11 anos ). É que, com todas as trapalhadas que faz, acaba sendo condecorado. E a condecoração lhe é entregue por uma autoridade que aproveita para dar um esporro na corporação, dizendo, no discurso, que todos deveriam ter vergonha de ver o que não faziam e de que fora capaz " este idiota, este estúpido, este abestalhado, este imbecil" - ele debulhando sinônimos e Cantinflas se encolhendo.

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  2. Bem lembrado. Grato pelo comentário.

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