Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes. Sabem não? Então, vamos encurtar: Cantinflas. Isso mesmo, aquela metralhadora verbal que encantava o público do cinema em partes diversas do mundo. O mexicano que saiu da extrema pobreza para a fama quase universal.
Lembrei dele ao me deparar, há pouco, com a informação de que seu nome está dicionarizado. Aparece no Dicionário da Real Academia Española para definir “pessoa que fala, ou atua, de maneira disparatada, incongruente e sem nada dizer com substância”.
Cantinflas, de fato, falava pelas tripas do Judas para pouco ou nada dizer. Era justamente isso o que provocava as gargalhadas dos falantes de espanhol e português. Mas foi, infelizmente, o que o afastou da maior parte do público nos Estados Unidos e Europa, dada sua complexa tradução.
Falar pelos cotovelos, portar bigode esquisito, usar camisa de malha colada e calças frouxas à altura da virilha e, ainda, cultivar manias e trejeitos engraçadíssimos, tudo isso junto compunha a figura que sucessivas gerações adoravam, sobretudo, as de alma e sangue latinos.
Mas até que esse moço fez bonito na Meca do Cinema. Sua atuação em “A Volta ao Mundo em 80 Dias” rendeu-lhe o Golden Goble Award para Melhor Ator. Este filme, aliás, abiscoitou o Oscar de 1956. Cantinflas ali contracenou com astros e estrelas a exemplo de Shirley MacLaine, David Niven, Charles Boyer, Marlene Dietrich, Trevor Howard e Frank Sinatra. É mole?
Nascido num reduto pobre da Cidade do México, em 1911, ele teve que trabalhar muito cedo como engraxate, aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista até o dia em que teve a oportunidade de substituir, de última hora, o apresentador de um espetáculo mambembe que adoecera. Pronto, havia descoberto a forma de dar certo na vida.
Produziu, ele mesmo, a maioria dos mais de 40 dos seus filmes, porquanto tratou de montar a própria companhia. Morreu em abril de 1993. Tomei conhecimento de sua existência, mal chegado em João Pessoa, ao comprar ingresso para “Pepe”, o segundo filme em que atuou nos Estados Unidos e um fracasso de crítica e bilheteria. Depois, me vieram, não necessariamente nessa ordem, “O Circo”, “Os Três Mosqueteiros”, “Nem Sangue Nem Areia”, “O Sabichão”, “O Analfabeto” e por aí vai...