Roggers foi o sítio de um inglês, Richard Roggers, que aqui chegou, na primeira metade do Século XIX. Teria sido um viajante que largou o navio, no Porto do Varadouro, seduzido pelas belezas do lugar. Aqui, fez fortuna; casou-se com uma morena bem brasileira, dona Francisca Romana, e foi feliz para sempre, nos trópicos.
O sítio onde moravam era a melhor parte da Fazenda Aburinoza. Como o único herdeiro do casal morreu na Guerra do Paraguai, Mr. Roggers e D. Francisca Romana teriam doado suas terras para a Igreja. Esta é uma das versões que correm. Outra versão conta que, sem herdeiros, o casal resolveu dividir a propriedade com seus moradores, patrimônio que teria sido adquirido, tempos depois, pela Mitra Arquidiocesana, a qual loteou a terra e até hoje recebe o “foro” de muitos imóveis do bairro.
Mudou o bairro de nome, porque poucos sabiam escrever e pronunciar “nome de gringo” — Roggers. O povão mesmo chamava “Róge”. Nessa linha, os ônibus começaram a usar “Roger”, sem acento. Mas, para os mais esclarecidos, “Roger” seria uma forma francesa, que se pronuncia “Rogér”. A grafia atual, suponho, não passa de uma tentativa de aportuguesamento: “Róger”. E assim ficou.
Em pleno centro da cidade, entre a Bica e o sítio do antigo Seminário, o bairro tinha tudo de uma cidadezinha do interior, onde todos se conheciam e levavam uma vida verdadeiramente comunitária, o que não ocorre atualmente, a partir dos muros altos que o bairro não tinha.
Sabe de uma coisa? Quem ganhou mesmo com essa história toda foi o súdito de Sua Majestade, Mr. Roggers, que, num feliz rompante, decidiu abandonar a nostalgia europeia e abraçar, de vez, a alegria tropical...
Lembrando o belo título de um livro de crônicas do mestre Gonzaga Rodrigues, o Roggers é “um sítio que anda comigo”. Lá vivi os melhores anos de minha vida.