Os poetas místicos buscam resposta para as inquietações motivadas pelas transformações em seu redor, sejam de ordem espiritual ou material, porque alteram a paisagem da vida e atormentam a alma.
Em qualquer época de nossa vida ou situação como a que se vive nos dias atuais, é tempo para buscar resposta nos poetas e místicos. Respostas que vêm de quem contempla o mundo com os olhos do coração e afastam a dor com uma metáfora.
Em qualquer época de nossa vida ou situação como a que se vive nos dias atuais, é tempo para buscar resposta nos poetas e místicos. Respostas que vêm de quem contempla o mundo com os olhos do coração e afastam a dor com uma metáfora.
Um desses poetas é Dom Helder Câmara, sábio e profeta que deixou lições a partir da convivência com os menores, porque trazia consigo a mensagem do Homem de Nazaré, aperfeiçoada na mística de outros sábios. Ambos nos ensinam que “a grande caridade é ajudar a fazer justiça”.
A gentileza plenifica a caridade, mas quem vive no andar de cima nem sempre olha para baixo, nem ao redor. A corda aperta do lado dos menores, esses que pagam pelo que não construíram na sociedade dos desiguais.
Depositamos confiança em governantes que escolhemos, no desejo de que sejam homens sensatos para com a nossa dor, mesmo que não observem os místicos e os poetas. Poetas e místicos nunca se distanciam de nós, nem nos deixam órfãos porque suas mensagens constroem em nossos corações o edifício que nunca será destruído.
Estes místicos ensinam que nasce esperança a cada alvorecer, ou quando o Sol rompe as nuvens, por mais escuras que sejam e, alcançando o zênite, derrama fachos de luzes ainda mais intensos sobre nossas cabeças. Esperança renovada a cada ano que começa, a cada dia que nasce, a cada gesto de amabilidade.
Sempre há esperança de que profetas, como Dom Helder Câmara, apontem caminhos, proporcionem a unidade e nunca o distanciamento. Precisamos de profetas a nos orientar com sabedoria. Queremos políticos nos quais possamos confiar. Mas nosso grande erro é confiar em políticos.
Por mais sombrio que sejam os dias, nem mesmo assim deixaremos de acreditar que a embira, mesmo com nó apertado, haverá quem possa desamarrar. Os místicos, que são o sol no zênite em nossas vidas, ensinam acreditar em sonhos. Nos ensinam a olhar com os olhos da imaginação. Eles nos ajudam a desamarrar o nó por mais que seja acochado.
Nossa esperança é que as árvores geradas do próximo plantio deem bons sombreiros e produzam frutos menos amargos. Tudo depende da semente que plantamos, mas quase sempre acreditamos em políticos que não merecem essa confiança. Depois da tempestade, certamente virá a geração da paz e do amor. Para que isso aconteça, basta compreender, vivenciar e ensinar a mística do Homem de Nazaré.
Pode-se até mutilar sonhos, mas jamais será possível cortar suas raízes, especialmente se as raízes estejam plantadas em terra fértil. Na paisagem do amor existe muitos caminhos a seguir. Um terreno em que o bispo da solidariedade ensinou cultivar. Quando vivemos no cenário de desesperança, chegam falsos profetas que não têm amor por ninguém. Mentem e enganam. Constroem calças com bolsos cada vez mais largos. Protagonizam gestos que nos deixam sorumbáticos e apreensivos com as tempestades que saem de suas mentes.
“Este é o tempo
Da selva mais obscura
Até o ar azul se tornou grades
a luz do sol se tornou impura
(…)
Este é o tempo em que os homens renunciam”.
(“Este é o tempo”, do livro Mar Novo). dd\
Para repelir o quadro de dor protagonizado por governantes opressores, a poetisa lusitana ressalta que é:
“Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de Negação”.
(Poema “Data” do Livro Sexto).
Acredito nos poetas e místicos que profetizam a beleza da poesia como bálsamo para as incertezas. Afinal, ainda há tempo para sonhar.