Em Guarabira havia um barbeiro chamado Chico Luís que armava sua barraca nos dias de feira (quartas e sábados) para cortar cabelo e barba da matutada que vinha dos sítios.
Era comum ouvir um matuto dizer ao compadre que iria "à furquia de Chico Luís". É que o profissional da tesoura e da navalha ao invés de comprar uma cara cadeira de barbeiro improvisou uma cadeira comum amarrando no encosto uma forquilha de angico, sem sequer se preocupar em tirar as cascas. O resultado é que quase sempre o cliente ficava com o pescoço entalado na forquilha. Fosse reclamar, vinha a resposta: "O probrema num é furquia não, é que seu pescoço é troncho".
Era comum ouvir um matuto dizer ao compadre que iria "à furquia de Chico Luís". É que o profissional da tesoura e da navalha ao invés de comprar uma cara cadeira de barbeiro improvisou uma cadeira comum amarrando no encosto uma forquilha de angico, sem sequer se preocupar em tirar as cascas. O resultado é que quase sempre o cliente ficava com o pescoço entalado na forquilha. Fosse reclamar, vinha a resposta: "O probrema num é furquia não, é que seu pescoço é troncho".
Ao lado da tal cadeira havia uma bolinha e ele explicava a quem lhe perguntava para que servia: "É para o freguês colocar na boca mode eu fazer a barba das bochechas mais direitinho".
Um dia um cliente perguntou se alguém já havia engolido a bolinha. "Ixe... tem trinta ano que eu uso essa bolinha. Já engoliram pra mais de cinquenta veis, mas como é tudo gente conhecida, no outro dia eles vem devolver. É só lavar que tá nova".
O matuto retirou a bola da boca e disse que o gosto estava meio amargo. Chico deu um tapa na testa e exclamou: "Danou-se que eu misquici de lavar essa bixiga hoje".
O fígaro paraibano sofria dos nervos e quando chegava atacado pedia ao cliente que pendurasse uma cuité no pescoço. "Para que isso, seu Chico?"
A resposta era devastadora: "É pra mode se minha mão tremer não sujar a sua roupa de sangue, né?"
Invariavelmente ao final de cada barba feita ele pedia para o matuto da vez bochechar um copo d'água e solenemente explicava: "Pra ver se não tem nenhum buraco, se não tá vazando".
Na mesma querida cidade de Guarabira morava um futuro milionário que iniciava-se nos negócios e precisava ir a Recife comprar umas quantas mercadorias para revender. Pretendendo economizar a passagem resolveu "amocegar" no trem. Porém o bilheteiro o descobriu e deu-lhe um tabefe na orelha com tanta força que o jovem empresário caiu na poeira. Indômito, resiliente, levantou-se, correu atrás do trem e conseguiu "amocegar" novamente. Repetiu-se a cena; novo tabefe, nova queda, novamente comeu poeira. Uma vez mais ele correu e "amocegou" no trem. O bilheteiro ia dar-lhe um terceiro tabefe. Já com a mão levantada perguntou: "Ô menino, onde você acha que vai?"
Coçando o lado esquerdo da cabeça ele disse: "Se minha orelha aguentar mais 5 tabefes o senhor acha que dá pra chegar em Recife?"
Guarabira de tantas histórias. Voltarei lá para uma outra colheita.