O ano era 1973 e aqui em João Pessoa um comerciante soube que o jovem S.B. estava terminando suas férias e voltaria ao Rio de Janeiro, onde residia. O comerciante propôs que ao invés de voltar de avião ele fosse dirigindo uma Kombi que se destinava ao irmão. Tratava-se de uma Kombi daquelas antigas, que apresentava folga na direção e péssimo sistema elétrico (6 amperes), tanto assim que para buzinar ou ligar os faróis era necessário cuspir no dedo e apalpar os fusíveis a cada meia hora. O jovem S. B. gostou de economizar a grana da passagem e convidou o amigo A.G. para acompanhá-lo.
Convite imediatamente aceito, porém com uma condição; dois irmãos, amigos de A.G., também queriam ir ao Rio, onde o irmão conduziria a irmã até um compromisso de noivado. Formada a lotação? Qual o quê!
Eu precisaria de umas 20 laudas para contar as peripécias da viagem, porém só disponho de duas. Portanto lá vai: o assassino entrou mudo e saiu calado da Kombi até o final dos cinco dias de duração da viagem, limitando-se a olhar feio para todos os outros passageiros. Já o irmão quase não dormiu durante todo o percurso com medo que algum dos outros passageiros “bulisse” com as virtudes da irmã, que deveria chegar zero quilômetro aos braços do noivo. Logo na primeira substituição de S. B. por A.G. ao volante, a Kombi foi espremida entre um ônibus e um caminhão e quase morriam todos naquele momento.
S. B. descobriu que A.G. só “funcionava” na base da maconha e teve que fazer o resto do percurso dirigindo solitariamente. Ao amigo A.G. restou a responsabilidade de, a cada meia hora, cuspir no dedo e apalpar os fusíveis da Kombi.
O jovem S.B. agora é um idoso ciclista. Meu amigo A.G. está com Deus. Continuo pesquisando sobre o que aconteceu com o assassino e com a virgindade da noiva. Voltarei oportunamente com atualizações.