O mercado de trabalho no Brasil experimenta uma realidade preocupante: jovens se adaptando a condições de sub-emprego, sem registro na CLT e com baixa renda. Vivendo de “bicos”, passam a integrar o grande número dos que estão envolvidos nas atividades que ficam à margem da formalidade. É um efeito atrasado da crise econômica que atinge o país nos anos recentes, alcançando fortemente a juventude.
Isso concorre, também, para que diminua a qualificação da nova geração com idade de trabalhar. Não tendo condições de continuarem frequentando uma faculdade, os jovens são obrigados a entrar no mercado informal para terem alguma renda, até pela necessidade de sobrevivência da família. Trabalham para várias empresas ao mesmo tempo, sem criar vínculos empregatícios. Há uma tendência para que busquem a se virar por conta própria.
A situação se agrava quando não se consegue enxergar saídas a curto prazo, pairando um clima de incertezas quanto ao futuro da nossa economia. As mudanças promovidas na CLT geraram insegurança jurídica, tanto no lado do empregador, quanto do empregado. As relações de trabalho foram precarizadas.
Na falta de emprego, os jovens se desdobram em vários trabalhos, como autônomos, buscando compor a renda. A quantidade de brasileiros vivendo de “bicos” é a maior da história. A verdade é que muitos não conseguem ocupar o espaço no mercado de trabalho de acordo com a sua formação ou com os seus propósitos de vida. O excesso de trabalho, em alguns casos, chega a ser considerado quase escravidão.
Esse é o símbolo da recessão que o país atravessa. Uma realidade cruel que nos assusta. É o pior cenário desde a década de 1990. Além dos jovens, os idosos igualmente são alcançados pelo desemprego, sendo forçados a viver de “bicos”. O trabalho informal também ganha força na faixa etária dos que estão acima dos cinquenta anos. Mesmo os que têm experiência e qualificação estão encontrando dificuldades para serem recolocados no mercado de trabalho. As aposentadorias não são suficientes para o sustento deles próprios e da família. No entanto, as portas se fecham para esses profissionais, até pela dificuldade em competirem com os mais jovens. Não lhes resta alternativa, a não ser a informalidade.
O fato é que, além das preocupações com a pandemia, cujo vírus circula entre nós desde o ano passado, o desemprego tem sido o drama que angustia a população brasileira na atualidade, ao criar chagas sociais que nos causam desassossego. O governo precisa dar sinais de alguma eficiência para gerar confiança na sociedade e acelerar a geração de emprego.