alguma coisa,
alguma linha,
algo
há de escapar insétil.
dúctil, mas indócil,
leve, mas indelével,
há de manter-se presente.
não há de ser, inevitavelmente,
aroma
(a maresia habita igual o poema),
mas há de eludir o tempo.
Pessoalmente
não sairei à tua procura.
Não te darei a mão sem face,
não beijarei teu corpo,
não invadiremos um ao outro:
o corpo é áspero,
e sairíamos cortados e sós.
Não te direi palavra:
a voz é áspera,
e sairíamos cortados e sós.
Tentarei a poesia;
se alcançá-la,
apanharei, desarmada,
tua solidão,
e conversaremos.
Onde encontrarei eu mesmo
em outra forma expresso?
Onde encontrarei o furto
no gesto de nascer, fundado?
Onde encontrarei o que procuro
em todo canto e tempo,
em vigília ou sonho?
Onde encontrarei a presença que me divide,
e em sua ausência permaneço meio?
Onde encontrarei o que, anulando,
a minha face multiplique?
Onde encontrarei o que origine
toda essa procura, justifique?
Onde encontrarei o que, encontrado,
responda que jamais encontrarei?
SUMA TEOLÓGICA
E se Deus não for vacina, superego diferencial-e-integral, leviatã, transplante, mais valia, dólar, biscoito, signo? E se Deus for absoluto-sintético-analítico-relativo? E se Deus não for memória nem projeção nem palavra nem agora? E se Deus for pecado sem salvação? E se Deus for Sidarta, Cristo, Gandhi, Tupã, Adonai, Jeová, Alá, Kardec, Marx etc.? E se Deus for impossível forma de ser pensada? E se Deus não for Deus? E se Deus simplesmente não for?
E se Deus não for vacina, superego diferencial-e-integral, leviatã, transplante, mais valia, dólar, biscoito, signo? E se Deus for absoluto-sintético-analítico-relativo? E se Deus não for memória nem projeção nem palavra nem agora? E se Deus for pecado sem salvação? E se Deus for Sidarta, Cristo, Gandhi, Tupã, Adonai, Jeová, Alá, Kardec, Marx etc.? E se Deus for impossível forma de ser pensada? E se Deus não for Deus? E se Deus simplesmente não for?