Detesto o barulho, todas as formas de barulho, inclusive o onipresente ruído dos equipamentos eletrônicos. Não uso smartphone, ainda converso pelo telefone fixo. Smartphone é para quem quer e precisa ser localizado rapidamente ou para quem quer ser o primeiro a saber das coisas. Não é mais o meu caso.
Teclando num velho computador de mesa, minha única janela para o mundo é o Facebook, que me faz não ter inveja do WhatsApp, Instagram e outras redes sociais. Não estou no mercado nem pretendo ser “influenciador digital”, levo uma vida sem “lives”. Tudo meu é presencial, nada remoto.
Ainda empolgado com a linha do horizonte e o céu, detesto a luz elétrica, que me desvia das estrelas. Assim, totalmente defasado, desaparelhado, me vi obrigado a dar adeus às viagens de longo curso, um dos prazeres da juventude.
Em resumo: não existo mais aqui na Terra. Estimo poder continuar como um E. T. por mais uns cinco ou seis anos, quando, para usar a expressão de um amigo, “resolverei ir às aventuras no paraíso, onde o sonho é real”.
Sim, somos, literalmente, cifras e dados, mercado consumidor. Não somos mais gente. Deixamos de ser.
Contra tudo isso, dou meu grito solitário: Fui.