A cidade de Serraria precisa homenagear a professora, poetisa e médica Eudésia Vieira, paraibana que se dedicou à emancipação feminina e muito lutou para ajudar famílias em estado de desventura.
Há cem anos, na sua juventude, em nossa cidade, atuou junto aos necessitados do saber, como professora. Revelando-se, no seu tempo, uma mulher comprometida com as causas sociais.
Há cem anos, na sua juventude, em nossa cidade, atuou junto aos necessitados do saber, como professora. Revelando-se, no seu tempo, uma mulher comprometida com as causas sociais.
No dia 16 de julho de 1981, aos 87 anos, Eudésia Vieira completou sua passagem na terra, protagonizando lições que hoje fazem tanta falta.
A Paraíba, e de modo particular Serraria, deve muito a esta professora que, numa época de repressão aos anseios da mulher, levantou a voz em favor das minorias, fosse atuando na atividade de médica em consultório, fosse com sua poesia ou crônicas que regularmente publicava em jornais e livros. No ano de 1915, aprovada em concurso público, Eudésia foi ser professora em Serraria, onde viveu pelo menos cinco anos, tempo suficiente para angariar amizades na cidade. Depois que passou a trabalhar em outros lugares – no distrito de Livramento, município de Santa Rita, e na Capital -, todo final de ano ela nunca deixou de estar presente nas festas do padroeiro daquela cidade serrana.
Concluinte do curso de Medicina em Recife na década de 1930, depois de enfrentar todo tipo de dificuldade como mãe que precisava ficar ausente, deixando os cinco filhos aos cuidados do marido, ela soube fazer uso dos conhecimentos que a Universidade proporcionou. Por todas suas conquistas, seja como professora, médica de elevado saber e senso de afeição aos necessitados, ou como poetisa e historiadora, Eudésia merece muito mais do que o nome em pequena placa de rua. No ano de 1950, para celebrar os cinquenta anos da criação da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Serraria, ela compôs o Hino ao padroeiro que, de tanto louvar a paisagem rural e os valores humanos, continua sendo executado com fervor. Num dos versos de muito sentido, chamou Serraria de “Princesa do Brejo”, hoje constante como marca central de divulgação da cidade. Me apropriei deste verso para denominar meu trabalho de pesquisa publicado no ano de 2000, contendo notas acerca da terra onde nasci. O livro “Serraria - Princesa do Brejo, apontamentos para sua história”, que está em fase de preparação para a segunda edição.
Nos quarenta anos sua passagem, especialmente deixo meu agradecimento pela sua contribuição ao povo de minha terra, com um pedido ao prefeito de Serraria, Petrônio Caboclo: seria por demais justa uma homenagem a Eudésia Vieira. Não somente porque cantou as belezas de nossa terra, mas pelo que fez no uso de seus conhecimentos de professora e de médica.
Concluo com este poema a nossa terra:
SERRARIA
Serraria é um casto ninho
Onde repousa a saudade,
Num berço feito de arminho
Pela mão da Soledade.
Parece até que a esperança,
Nas noites de lua cheia,
Brinca sobre a verde trança
Do Palmeiral que a rodeia;
E que as estrelas mimosas
Debruçadas no infinito,
Vêm espreitar, cuidadosas,
Os lajedos de granito.
Onde perpassam, com ciúmes
As brisas frias, subtis,
Lembrando vagos queixumes
De alguma noiva infeliz!
De belezas se engalana,
Seja alvorada, arrebol.....
- caprichosa flor serrana-
Fulgindo aos beijos do sol
Eudésia Vieira