Nem todos entendem florinês. Dialogar com as flores viventes em plurais recantos onde elas habitam, pequeninos jarros, entre rachões de muros e pedras do assoalho das ruas. O jardineiro sabe segredos em plantá-las, apalpa o solo e sente quando bronco, petrificado, com calombos repelentes a raízes.
Minha tia Nininha sublimava a solteira, fazendo brotar o instinto materno nas florinhas e plantas que sua mão tocava. Parecia fada com vara de condão: plantou, pegou. Enchia ela de multicolores variações áridas áreas esturricadas: terras despidas, virginais, onde um sapo ou invasoras formigas se estabeleciam. Sobre elas despejava os fios d’água saídas pelos orifícios miúdos dos regadores. As flores sorriam alegres, criavam alma nova. Ou existe alguém duvidando da alma de flores? A fragrância delas é transcendente. As flores são vivas saídas de um suspiro de Deus sobre a Criação infinitamente derramada. Quem olhar com o espírito aberto à harmonia, certamente confundirá estrelas com flores prateadas pisca-piscantes.
Minha tia Nininha sublimava a solteira, fazendo brotar o instinto materno nas florinhas e plantas que sua mão tocava. Parecia fada com vara de condão: plantou, pegou. Enchia ela de multicolores variações áridas áreas esturricadas: terras despidas, virginais, onde um sapo ou invasoras formigas se estabeleciam. Sobre elas despejava os fios d’água saídas pelos orifícios miúdos dos regadores. As flores sorriam alegres, criavam alma nova. Ou existe alguém duvidando da alma de flores? A fragrância delas é transcendente. As flores são vivas saídas de um suspiro de Deus sobre a Criação infinitamente derramada. Quem olhar com o espírito aberto à harmonia, certamente confundirá estrelas com flores prateadas pisca-piscantes.
Os habitats naturais das flores urbanas estão, pouco a pouco, desaparecendo: salvem-se as que puderem. A natureza é sábia: somente cataclismos devastadores e universais seriam capazes de varrer a beleza das espécies florais da nossa morada, este planeta azul, apelidado pelo astronauta russo Gagarin. A bem ver, lá do alto, o Universo deve parecer um conjunto florido de corpos celestes.
A primavera faz brotar esta crônica. Que seria de nós sem as flores? Na vida e no limite? Altares, estátuas, relíquias históricas, enamorados, em cada canto o simbolismo delas está dando a mensagem. Mesmo nos frios cemitérios: ficam pousadas sobre as lousas, num ritual significativo de vida na morte. Dão bela lição: não abortam. Há nelas uma singular tendência em favor da preservação do milagre de nascer. No botão delas existem encantadas emanações e cromáticas composições embutidas. Pistilos onde se geram ornatos insubstituíveis, órgãos sexuais com a função reprodutora. Gineceus prontos e maduros no interior de intrincadas florestas até jardins comuns mistérios cromados vivos. Os humanos têm muito a aprender com a Primavera.