Como dói essa saudade…
Bem sabia que era assim.
Mas a falta de costume
ou da plena consciência
faz a gente indiferente
ao raiar do novo dia.
Como dói essa saudade…
A vontade de apertar,
de beijar e de cheirar.
Como dói essa saudade
que eu tinha esquecido
de sentir, de vez em quando,
para que não olvidasse
que o tempo é fugidio.
Escapole a toda hora,
segue o rumo inexorável.
A gente é que não sente
que é curto e transitório
o abraço apertado.
Como dói essa saudade…
que demora a passar
e quiçá jamais se vá.
Até que um belo dia
acordamos com o sabor
da lembrança que ficou.
Entendendo que essa ausência,
sentida por agora,
tão doída e machucada,
é sinônimo de um amor
que havia, e não se foi
e pra sempre haverá.
Nessa casa, nesse mar,
há registros indeléveis,
como música em partitura.
Melodia inesquecível
que ecoa lá no fundo.
E na frase que ora escuto
deste doce violoncelo,
sinto toda a poesia
que marcou a sua vida,
que nos deu tão bom exemplo,
que ensinou a prosseguir
na esperança do amor.
Do amor que demonstrou,
na cozinha ou na sala,
aqui perto ou bem mais longe,
mas que ora sinto em tudo
com o manto inseparável
que ilumina a sua aura.
E meus olhos à procura
do que ele observava
seguem o rastro da lembrança,
buscando a sintonia
com a poesia do viver.
Coisa que ele ensinou
com sábia maestria.
Como dói essa saudade...
Lá fora vejo o mar
que também nos quer contar
do carinho que sentiu
quando aqui o contemplou.
E é grande esse amor
cujo encanto se espalhava
numa flor ou numa pedra,
na rosa ou no espinho
porque só havia luz
no carinho de seu olhar.
Como dói essa saudade…
Não desejo que se apague,
como não se apagará
nada que em nós deixou.
Hoje tento aprender
outro meio de ouvir,
de falar e de sentir
sua alma cintilante,
que em breve encontrarei.
Até lá, exclamarei,
com aperto dolorido
como dói essa saudade...
Mas de gratidão nutrido.
novembro 27, 2021
Como dói essa saudade… Bem sabia que era assim. Mas a falta de costume ou da plena consciência faz a gente indiferente ao raia...
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