Caminho pelas veredas literárias de Ariano Suassuna como um caçador de esmeraldas, ansioso por descobrir a pedra valiosa, a recolher ao bornal preciosidades das artes por ele lapidadas no reino onde é soberaníssimo. A produção literária dele é mina e fonte de água cristalina que sacia a sede de nossa alma.
Quem bebe no manancial de seus livros será enriquecido e alimentado pela sabedoria de personagens que brotam da terra castigada pelo Sol. Tudo é fonte de inspiração, terra iluminada pelas malacachetas.
A independência de um povo começa pela liberdade de expressão e pela exaltação aos seus costumes. Neste reino imaginário, Ariano foi o imperador e incentivador da Arte, pela qual lutou durante toda sua vida. Arte exaltada nas rimas do cordel, na viola plangente, na rabeca ou no pífano, nos espetáculos circenses, na xilogravura, no cordel, no vaqueiro encouraçado, no cangaceiro com sua indumentária, no palhaço, nas cabras e no boi catingueiro.
Ariano penetrou na alma do povo dos sertões esturricados e pedregosos, notadamente da Paraíba, recanto predileto de seu reinado, de onde extraiu seiva e massa para compor sua história literária.
Uma obra literária nascida da dor que foi construída pelo gênio de Ariano, a tragédia transformada em poesia que somente a arte permite.
A literatura que permite conhecer o Nordeste, basicamente, está presente no conjunto de obras de José de Alencar, Euclides da Cunha, Raquel de Queiroz, José Américo de Almeida,
A força dos canaviais e do rio cheio, da casa-grande espaçosa e avarandada, do Papa-rabo que José Lins registrou de memória trazem um panorama valioso. Mas faltava mostrar a força da literatura como saga do povo reconstruído na seca do sertão, do cangaceiro, do violeiro, do homem forte que cultiva terra mesmo que a chuva tarde a chegar. Do homem espirituoso que o sertanejo – e brejeiro – que está sempre com uma anedota na ponta da língua ou com suas presepadas.
O autor do “Romance da Pedra do Reino” trouxe para perto de nós a alegria da rabeca, o trote do cavalo, o perfume da caatinga, o berro do garote perdido nas capoeiras, o humor do homem que habita as brenhas e domina as caatingas. Enfim, a dor e a alegria do homem que vive no Sertão, no Litoral, no Brejo, no Curimataú e no Cariri.
Ariano Suassuna integra um trecho inapagável da história da literatura brasileira, porque sentiu o povo e soube captar o cheira da terra do Litoral ao Sertão. Que com maestria construiu o mundo de sua Arte. Ele será lembrado como um grande paraibano, simples e alegre.
Por tudo o que escreveu, que deixou no registro em papel impresso ou nas outras formas de expressão da Arte, Ariano sempre será o nosso Imperador das Artes.