Como seria bom se pudéssemos apagar da História a noite do dia 09 de novembro de 1938. Nessa data se iniciou a onda de agressões contra ju...

A noite dos cristais quebrados

politica brasileira
Como seria bom se pudéssemos apagar da História a noite do dia 09 de novembro de 1938. Nessa data se iniciou a onda de agressões contra judeus na Alemanha e na Áustria. O “pogrom” foi o processo de destruição de patrimônios judaicos, como lojas, casas e sinagogas dos judeus. O termo “pogrom”, de origem russa, quer dizer destruição, extermínio. Cerca de trinta mil pessoas foram enviadas para os campos de concentração. O acontecimento ficou conhecido como a “noite dos cristais quebrados”. Teve esse nome por causa dos estilhaços das vitrines das lojas dos judeus que
foram obrigados a varrê-los sob pena de multa. Começava ali o holocausto. O terror declarado diante dos olhos do povo.

A difamação, a exclusão, o antissemitismo, o radicalismo e o extremismo da direita, oitenta anos depois, voltam a se manifestar. Já não se percebe no Estado de Direito a demonstração de tolerância ante os ataques às pessoas por causa de suas crenças ou cor da pele. Passamos a assistir passivamente, como cúmplices, a ideologia da violência, o desrespeito aos direitos das minorias, a pregação do armamentismo. A defesa da tortura e da ditadura tornou-se um discurso visto com naturalidade. O combate aos opositores a ser feito a qualquer custo.

O slogan do “amor pela pátria e por Deus” justificando as ações de ódio aos que se posicionam contra. A “noite dos cristais” ameaçando ser revivida em nossas terras. A convulsão social da contemporaneidade nos coloca numa crise sem precedentes. O revanchismo e a vingança aflorando em parte da sociedade. Estamos vivendo um rigoroso teste desde a redemocratização. A inteligência e a sensibilidade humana sendo agredidas desavergonhadamente.

“A Alemanha acima de tudo, Deus acima de todos” era o lema nazista. Assusta a semelhança. Será mera coincidência? Nos discursos de Hitler encontrávamos o ódio aos comunistas, aos homossexuais, o combate à corrupção e a falsa vontade de reunificar o país. Algo parecido com o que vemos no momento nacional da atualidade. Repetem-se as estratégias da divulgação das mentiras como se fazia no nazismo. Há uma estranha ligação em tudo isso, que nos amedronta.

Livremo-nos da “noite dos cristais”. Que não prospere o aliciamento das massas que Hannah Arendt chamou de “banalização do mal”. Essa contravenção política, não pode avançar, sob pena de ferirmos de morte nossa democracia. Não pode prevalecer o conceito de que “as minorias têm que se curvar às maiorias”. Isso não é fraterno, nem justo.

Que essa data sirva apenas de alerta para todos nós.

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  1. Muito importante o alerta porque a medida da liberdade se dá pela régua da minoria.

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  2. Belo texto. A comparação procede. E os adeptos de Bolsonaro fazem questão de ressaltá-la. A diferença é que os alemães - que nos deram Beethoven e Wagner, Kant e a catedral de Colônia - foram levados ao nazismo ( nacional socialismo ) com Hitler pegando a Alemanha liquidada pela dívida de guerra - adquirida em 1914-18 - e recolocando-a nos eixos ( ! ) , com estradas asfaltadas para todo lado, as crianças todas em escolas e a inflação gigantesca eliminada. Imagine o Adolf desenhando o fusca e encomendando o "carro do povo " - volks wagen - ao Porsche! Aí veio ... a conta. E que conta! 6 milhões de judeus mortos ( mais do que os - de todas as raças e religiões - que morreram agora de covid, no mundo ) e a mais devastadora das guerras mundiais! A pergunta é: e o que Bolsonaro fez pelo Brasil, para seduzir tantos, além de fake news, incêndios na Amazônia e Pantanas, mais da metade dos mortos pela pandemia devido à sua imbecil resistência à vacina?

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