A civilidade é um comportamento cada vez menos praticado nos tempos atuais. A sociedade contemporânea não encara mais como importante cumprir as normas que garantam um bom convívio entre as pessoas. Valores e princípios são desconsiderados nas condutas dos indivíduos na vida social. Estamos perdendo o espírito harmônico que deveria existir nas relações humanas.
Quando falta civilidade nas relações pessoais deixa-se de exercer a cidadania de forma saudável. E assim preponderam atitudes voltadas para a violência e a delinquência. As conveniências ditadas pelo egoísmo passam a ser determinantes para o agir individualmente, desprezando o sentido fraterno do respeito mútuo. Se os interesses individuais forem colocados acima das demandas coletivas, observa-se a diminuição da civilidade.
Uma pessoa civilizada nutre o sentimento da solidariedade, porque entende ser essa a melhor forma de expressar respeito pela dignidade humana. Nas relações sociais deve prevalecer a consciência coletiva de que as necessidades de um povo exigem mobilização e união para estímulo à luta em defesa dos seus direitos. Porém, se faz igualmente necessária a observância dos deveres determinados para o exercício pleno da cidadania. Afinal de contas, direitos não se sustentam sem a obediência dos deveres. Não podemos deixar que a indiferença para o coletivo se torne cultural.
Está sendo muito comum testemunharmos grosserias por palavras e atos na convivência social. Especialmente quando das comunicações exercidas nas redes sociais, onde muitas vezes o anonimato estimula as agressões gratuitas e as manifestações de descortesia. A intolerância passa a ser frequente nos contatos, fazendo desaparecerem a camaradagem e a familiaridade entre pessoas próximas.
Há os que vêem a civilidade como uma mentira social e argumentam que preferem ser autênticas, espontâneas, sinceras, ainda que provocando incômodos ou desagrado a outras pessoas. Entendo que a sinceridade é algo que devemos valorizar sempre no nosso comportamento, mas que seja feito sem afetação, sem artificialidades, e, principalmente, levando em conta a necessidade de fazê-lo com delicadeza, educação, afabilidade. A espontaneidade precisa ser controlada em muitas ocasiões. Jamais permitirmos ser guiados pelos instintos.
Onde se estabelece a civilidade se alcança a paz. Afinal de contas civilidade tem a ver com simpatia, convívio com as diferenças, amizade, cordialidade. Já, em sentido contrário, a incivilidade põe à mostra a arrogância, a estupidez, a irracionalidade, o mau humor. Pensemos nisso para não nos incorporarmos ao exército dos incivilizados. É importante, então, que nos esforcemos para recuperar a civilidade que se revela ameaçada, buscando reconstruir um pacto social que nos garanta o estabelecimento de um código de convivência pontuando condutas que promovam um ambiente de paz e de respeito mútuo entre os indivíduos que formam a nossa sociedade. A falta de civilidade é um mal que precisa ser combatido urgentemente. Essa crise de civilidade contemporânea tem que ser vencida, sob pena de nos transformarmos numa população de selvagens, mal educados e egoístas.