“If I could say it in words there would be no reason to paint” (Se eu pudesse dizer em palavras, não haveria razão para pintar) Edward ...

A relevante presença do silêncio

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“If I could say it in words there would be no reason to paint” (Se eu pudesse dizer em palavras, não haveria razão para pintar)
Edward Hopper

Cada pintura de Edward Hopper é um instante do tempo, capturado, agudamente percebido, com o máximo de intensidade.

Ele muito raramente discutiu seu método de trabalho ou tentou dar explicações para sua arte. Apenas disse: “muito da arte é uma expressão do subconsciente, e que para mim suas mais importantes qualidades são nelas colocadas inconscientemente. De tal modo que muito pouco dela deriva de uma atividade intelectual consciente, e, indo adiante, que a pintura surge do ponto zero da verbalização, de onde nada pode ser dito: Se você pudesse colocar isto em palavras, não haveria razão para a pintar.”

Hopper congelou o dinamismo arquétipo em rigidez na cena americana, embora seja importante lembrar que isto não foi um fenômeno exclusivo nos Estados Unidos e sim uma marca da arte moderna. Hopper adaptou suas imagens às necessidades da modernidade, desenvolvidas em sua plenitude, e transformou a visão externa em visão interior com forte conteúdo psicológico.

A visão externa, bloqueada, é substituída pela arte realisticamente interior e a paisagem vista além da janela, em espaço e luz, penetra nas nossas mais profundas percepções internas. Portanto, para a arte do século XX, o trabalho de Edward Hopper demonstra transformação comparável a uma transferência similar do simples interesse visual para aqueles de subjetividade analítica mais profunda em que a solidão humana é o tema principal.

A obra Manhatan Bridge Loop, (1928), por exemplo, parece ser uma imagem objetiva de uma cena urbana. Mostra que Hopper ia ainda mais longe quando dizia que ao usar a natureza como um meio, selecionava o que nela ele mais se identificava como uma síntese das suas experiências mais subjetivas, sem esquecer de salientar na tela a presença marcante e sempre relevante do silêncio.


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  1. Silêncio e solidão.👏👏🙏

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  2. Ângela Bezerra de Castro12/10/21 17:55

    Agradável surpresa de encontrar o querido amigo Saulo Londres, nessa galeria de escritores. Ainda mais, com essa abordagem precisa sobre um aspecto essencial da expressão artística de Hopper. Aplausos .

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  3. Em 89, pertencendo à diretoria do Sindicato dos Bancários, lá na Beira-Rio, eu estava pintando uma Ceia com Marx em lugar de Cristo, tendo os grandes líderes marxistas como discípulos aos quais ele dizia, num balão de histórias em quadrinhos "Um de vós me trairá", quando um bancário que eu não conhecia parou para olhar e me cumprimentou pelo quadro. Eu disse: "Coisa do passado: ninguém, mais, quer saber do figurativismo". No dia seguinte ele me trouxe a Folha de São Paulo dando conta de uma exposição de Hopper com fila dando volta no quarteirão, em Nova Iorque. E vi, não muito depois, Bruna Lombardi dizer à pergunta, numa entrevista, sobre qual quadro levaria para uma ilha deserta: "Os Notívagos" - de Hopper. Era a volta do ser humano à pintura, depois do processo de desintegração iniciado com o cubismo e finalizado pelo abstracionismo. Em meu romance "Arkáditch", meu protagonista - prof. Zé Medeiros, da UFPB - diz que Hiroshima foi o epicentro de uma explosão que atingiu, antes, 1905 e o E=mc², e chegou depois - até 1967 com o realismo mágico de Cem Anos de Solidão reintegrando o Homem na literatura, o hiper-realismo, Lucian Freud, Hopper.

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