Ao concluir a leitura do livro “⅙ de laranjas mecânicas, bananas de dinamite”, do poeta, dramturgo e artista plástico Waldemar José Solha, confesso-me impressionada. Um livro perfeito, do começo ao fim, do criador às criaturas. Prepare-se o leitor para um verdadeiro passeio cultural, pois são ricos relatos histórico-literários em poemas rimados.
É um livro solto e gostoso de ler. O autor não deixa dúvidas de que leu e conhece bem os clássicos, a exemplo de Camões, Virgílio, Goethe, e que está por dentro de música, cinema, filosofia, teatro, arquitetura, literatura, e consegue trazer a história da humanidade para os dias atuais, unificando-a em um poema.
Waldemar José Solha está de parabéns, não apenas por este seu último livro, mas sobretudo porque é um homem sensível, que transpira cultura. A Paraíba há de reverenciá-lo sempre, pois ele realmente é uma enciclopédia de carne e osso.
Não tenho o dom da escrita. Se tivesse, eu escreveria um ensaio sobre ele. Entretanto, considero que quaisquer palavras limitariam o que eu teria a dizer sobre este livro-poema.
Quando menciono a certeza de que ele leu Virgílio, Camões (ah, os "mares nunca dantes navegados", é porque, através dos versos, o leitor atento sente que há grandes obras por trás de seu texto. Obras dos clássicos que, em torno delas, ele traça inteligentes paralelos com rimas leves, objetivas, simplificando-as em um magnífico “bolo literário”. Coisa de quem sabe mesmo do que está falando.
Nas artes plásticas, assunto que domina, é que ele dá um banho de cultura e sensibilidade, passeando dos jardins de Manet (Le Déjeuner sur l'herbe), à fotografia de Margaret Bourke-White e à arquitetura de Dubai, e, quando se refere, por exemplo, de maneira lúdica, à "transparência dos tecidos" na Vitória de Samotrácia.
Adorei a leitura deste livro que é a essência do belo. Como gostei de lê-lo! Enfim, como Solha costuma dizer ao elogiar quem merece, desta vez é a Paraíba toda que deve “tirar o chapelão e arrastar suas plumas pelo chão”, em reverência ao escritor que nos brinda com mais um de seus notáveis trabalhos.
Parabéns, Solha! Você transpira erudição.
Alaurinda Padilha Romero é violinista