Um lugar de nome Água na Boca
Bar e planeta de bar no planeta Minhas Gerais
Parte de mim
Ficou em Beagá
Deixei um scarpin vermelho
Em alguma calçada da memória
Enquanto a quadrilha de amor
Passou por mim
Não era um nem outro
Eram àqueles que vivi
A mística cult do edifício Maleta
O mexido da madrugada
Embriagada em mitos arcaicos
Marília e Dirceu
Vivos no Bairro de Lourdes
O moço do Serro
A amiga negra
Negra Gi
O nervoso artista italiano
Caldo de mocotó e Caracu
O Anjo torto
Eu tão direita
Na chispa das ladeiras
Me dissolvia
Em meus cantos corpo
Num todo possível
Tudo pode e não podia
Tinha trilha
E cores santas
De por do sol
Montanhas e cachoeiras
Macacos e Ouro Preto
Vida e pedra
A moto loira barulhenta
Os homens do cravo vermelho, Sabará
As jabuticabas na casa da mãe preta
Pés espalmados
trincados, também eram terra
Eram tantos sobrenomes
Eu buscando o meu
Na Praça da Liberdade
Si queira
Queria ser eu
Andava em ré
Indo pra frente dançando
Vestido longo e justo
Fenda profunda
Até o meio da coxa
A confissão oculta no decote
O beijo espuma
Vinha com amor, fumaça
Vinho e novidades
Escrevo de trás pra frente
Memória é presente
Vivo e real
Com os tipos mais loucos
Fiz-me fome
Sede
E gente
Um porre de esperança
Voltei a ser criança
Pequena para entender
Que as pessoas são partidas
Eram de um jeito
E de outro
Ao mesmo tempo
Duas em uma
Às vezes mais, como podia?
Descubro a noite
Num mundo escuro
Brincava de esconde - esconde
Na frente do espelho
Iludindo à todos
Exposta
Hermética
Era uma antiga mulher reflexo dos filmes que assisti
Perfume Café
Piaf, Louis Armstrong
Golpe de Mestre
Rita Lee, meu bem
No frescor dos ares
O gozo água na boca
A face rockn‘roll me devorou
Em todas as escalas musicais
Marquei época
A roupa de couro preta
Deixei-me ser
Deixei de ter
Bolero mundo
A chave nas pedras
Abracadabra para escrever poemas
Um sino rouco
Meus sentidos
Nua dos vestidos
Cariciosa e tão linda
Festas no Automóvel Clube
Gafieira Estrela
Kichute bordado em pedrarias
Arte de Lena Krug
Deus a tenha
Macarronada em Santa Teresa
Sem nome
Ria à toa
Folia no meu Cabaré
A Leda cantava
Ana tomava suco de pera
Baby tinha os olhos esbaseados
Noites frias
A noite fugia
Fuga vermelha
O vestido de crepe
Avenida Prudente deMorais
A Rua do Amendoim
Olhava do alto
Meu voo
O drama de ser inocente
Paixão de vulnerável
- Que gosto teria a vida? Licor de Melão gelo moído,
pastel de açúcar Zucarellinha Chocolate Martinica
Perdida me salvo
Por não saber
Não entender
Ser assim sonho e sombra
OSHO acenando pode
Vai menina vai
Escada para o infinito
Íntima de Pink Floyd
Nina Hagen em casa
A favela era a vista da minha janela
Visconde do Rio das Velhas
Como amei Minas Gerais
E me queimei encarnada
Não havia mar
Não houve adeus
Só o tempo roído
Retalhos de papel
Onde lavrei a alma
Toquei a poesia
setembro 21, 2021
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