Criada para perpetuar as letras da Paraíba, a Academia Paraibana de Letras completa 80 anos. No dia 14 de setembro de 1941, com retardo de quase cinco décadas em relação à Academia Brasileira de Letras, um grupo reduzido de homens dedicados ao uso da palavra escrita achou oportuno criar uma instituição para eternizar as tradições literárias de nossa terra àquela época reverenciada em todo o País, sobretudo pela produção de José Lins do Rego, Augusto dos Anjos e José Américo de Almeida.
Recordo instantes vividos nesta vetusta Casa do Saber da Paraíba, desde quando cruzei seus umbrais com uma pauta nas mãos para entrevistar o presidente Luiz Augusto Crispim. Com passos vagarosos, adentrei pelos salões com paredes cobertas de fotos de seus fundadores, patronos e homenageados, observando o ambiente encantador, sem piscar o olho para melhor guardar imagens que encheram a todos de admiração. Fidalgo e dândi, Crispim ofereceu o abraço na extensão do convívio da redação de O Norte, onde ele era mestre da crônica e no copidesque de textos e eu, aprendiz da crônica, que buscava a uniformidade da escrita.
Depois de conhecer a paisagem interna da Academia naquela tarde, passei a frequentar com mais assiduidade os eventos ali realizados, acompanhava a chegada de cada novo sócio. Observador silencioso, sempre torci para que as gotas de sabedoria espalhadas pelos seus integrantes respinguem nas mentes e alimentem a alma de jovens para que descubram os caminhos das letras e das artes.
Há décadas a Casa de Coriolano de Medeiros revela o silêncio dos livros, testemunha debates enriquecedores à formação da memória cultural da Paraíba. Sempre atualizada com as manifestações culturais, traz para junto de si o debate cultural, de modo a estimular a continuidade do estudo das letras e das ideias.
Se José Américo e Celso Furtado trouxeram a visibilidade nacional para a Academia, com Ariano Suassuna aumentou a admiração de todos por esta Casa das Letras. Falo destes sem esquecer os integrantes do atual quadro que galgaram a glória acadêmica, que exibem talento nas artes.
No convívio com alguns acadêmicos, robusteço meu labor de leitor, de escritor preguiçoso e cronista aprendiz, tentando entender o valor de cada um para nossa cultura.
Que os saberes que emanam desta Casa se espalhem por toda a Paraíba, estimulem o gosto pela leitura, suscitem emoções que os livros e as artes proporcionam.
Desde a primeira reunião até os tempos atuais, guardiã de nossa língua, a Academia agasalha o pensamento literário de seus integrantes nos mais esparsos campos do saber, e daqueles que se fizeram merecedores de integrar a sua biblioteca.
No aniversário de oitenta anos, com os saberes emanados nos compêndios e livros abordando variados temas, guardados entre suas paredes, a APL continue abrindo caminhos para a pacificação do espírito. Quis o destino que as comemorações desta data fossem comandadas por uma mulher do nível intelectual da professora Ângela Bezerra de Castro.