Engenho Corredor, em Pilar, Paraíba, berço do romancista José Lins do Rego e um dos marcos da história do Nordeste açucareiro. “Engenho Santa Rosa”, na ficção vigorosa de José Lins aclamada em recantos diferentes do mundo aonde chegou, em mais de dez idiomas, a parcela mais vasta dos seus romances, aquela inscrita no Ciclo da Cana de Açúcar.
Ao fundo, resquícios da antiga moita de engenho. O bueiro legendário não mais existe. Foi levado na cheia de 1985 pelo Rio Paraíba que, agora, magro como boi em pasto seco, desliza para o mar com enganosa mansidão.
A antiga importância do açúcar na pauta das exportações nacionais fez Dom Pedro II desembarcar em Pilar, à véspera do Natal de 1859. O enredo saboroso de José Lins acerca dessa visita mistura, bem a seu estilo, ficção e realidade.
Restaurado a capricho sob domínio cuidadoso dos atuais proprietários – o casal Joaquim e Alba Soares – o Engenho Corredor se oferece a visitas, desde que antecipadamente agendadas.
Impossível para os que vão ao local atraídos pelo escritor e sua obra não ter em mente figuras icônicas da literatura nacional como Mestre Amaro, Vitorino Papa-Rabo, Lula de Holanda, Carlinhos (o menino que José Lins foi) ou Coronel José Paulino, este último a representar a figura do avô, ora doce ora dura.
Estar no Corredor é situar-se no palco das transformações cultural e econômica da zona canavieira, no início do século passado. É recordar a morte dos banguês e sua substituição pelas usinas de açúcar. É lembrar o fim do prestígio e opulência dos velhos senhores de engenhos cujos dramas e tragédias foram tão bem retratados por quem ali nasceu, em 1901.