A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra…
E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.
E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.
Os de Itaporanga compunham uma orquestra, Chico Zacarias na regência, a batuta uma caixa de fósforo. Era raro o que não pudesse fazer parte dessa orquestra. Chico Zacarias, onde está a estátua que não erigimos ao maior ritmista do samba, da embolada, espontâneo, pleno de expressões? Dentinho, Otávio Henrique, do Picuí, era humor em tudo que fazia. De tamanho acima do normal, meio gordo, um dentinho dos da frente batizou-o.
E noutro plano, o que fizemos por Augusto, expressão mais alta da Paraíba, estudada pelo maior número de críticos da moderna literatura nacional, com um memorial reduzido a duas salas de uma casa da era colonial aproveitadas da Academia? Não há turista cultural que, saindo de São Francisco, não entre na Academia a chamado da poesia de Augusto, que ele leu no Rio Grande do Sul, no Amapá, em Minas, até no Uruguai, para vir chocar-se ante o acanhamento do memorial que, com sacrifício, a Academia arremedou. Das cinquenta ou mais edições do EU o memorial não conseguiu expor vinte. A riqueza imensa de sua bibliografia crítica não chega a um décimo. Salvam-nos um pequeno busto (belíssimo, felizmente) na Lagoa, em boa hora salvo do amontoado de carros e barracas, e a estátua recente no jardim da Academia.
Siqueira, o maestro José Siqueira, o que temos dele? Que faz o Barão do Rio Branco na praça que lhe deram de graça (o que fez esse barão pela Paraíba?!) para não botarmos em seu lugar um gênio do nosso orgulho?
Nos anos 1920, vendo o tamanho gigante da estátua que o governador João Machado ergueu ao irmão Álvaro, que o antecedera, Gilberto Freire perguntou a Zé Lins: e o que vocês fizeram para Augusto? A lição de Leopoldina, onde ele viveu menos de ano - há mais de quarenta é cultuado no mais zelado e frequentado dos museus - ainda não foi assimilada pelos paraibanos.
Dizia Octacílio de Queiroz, meu grande mestre e benfeitor: “A Paraíba, coitada, não sabe o que tem.” Advogava um museu para 1930, Museu de 30 - feito de liberais e perrepistas, - a partir de quando, segundo ele, os paraibanos se impuseram ao Brasil.
Recorrendo ao Dicionário de Música da Zahar, dei com José Siqueira, único nome universal que tive a honra de entrevistar. O que fizemos ou erguemos como expressão da nossa ventura em tê-lo como patrício e conterrâneo? Deve existir alguma rua, alguma escola... Só que no Dicionário elaborado e editado fora da Paraíba, o verbete a ele dedicado não é menor que o de Strauss ou de Prokofiev. Mas vá na Áustria, na Rússia, e veja o que fizeram com os que acrescentaram glória à sua terra!