“Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede soci...

Uma nova estética da vigilância

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“Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos vemos mais, não nos abraçamos mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de chorar.

Somos a geração que se mostra feliz no Instagram e soma pageviews em sites sobre as frustrações e expectativas de não saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada. Somos aqueles que escondem os aplicativos de meditação numa pasta do celular porque o chefe quer mesmo é saber de produtividade.”
Marina Melz

Chove na horta! Chegou o livro de Giselle Beiguelman. Políticas da Imagem. Vigilância e Resistência na dadosfera. UBU Editora.

Imagem digital, selfies, memes, deep fake, internet das coisas, inteligência artificial, censura digital: todas essas novidades do mundo contemporâneo são analisadas por Giselle Beiguelman para descrever (e ao mesmo guiar o leitor a reconhecer no mundo a sua volta) o papel da imagem nas relações sociais hoje.

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A autora propõe, ao longo de seis ensaios inéditos, uma reflexão sobre o estatuto da imagem no mundo contemporâneo.

Desde o surgimento da fotografia, e depois do cinema, que o universo das imagens técnicas não conhecia um processo de transformação tão radical quanto o do nosso tempo.

As imagens tornaram-se as principais interfaces de mediação do cotidiano, ocupando a comunicação, as relações afetivas, a infraestrutura, as estéticas da vigilância e os sistemas de escaneamento dos corpos na cidade. Ao falar em políticas da imagem, ela defende que as imagens são, para além de lugar da transmissão de ideias e linguagens, o próprio campo das tensões e disputas políticas da atualidade.

Beiguelman associa a invenção e a distribuição massiva de smartphones a um novo regime de vigilância, não mais instituído pelo Estado, mas resultado da captação sistemática de dados pessoais, oferecidos deliberadamente pelos usuários às plataformas de mídias sociais – a dadosfera. A incontável produção de imagens nos feeds e stories de redes sociais, câmaras de vigilância e registros oficiais configuram, segundo ela, uma nova estética da vigilância.

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