São tantas informações, números, gráficos, tantas fotos, telas, vídeos, livros e mais livros.
Tudo esmiuçado, decifrado, registrado, explicado e catalogado.
O bicho homem tomou conta do planeta azul.
Loteamos, cercamos, apossamos, futucamos.
Aplainamos morros, aterramos lagos, desviamos rios, empurramos o mar, dominamos o fogo, canalizamos águase domamos a eletricidade.
Nomeamos as pedras, flores, bichos e tudo mais que os olhos viram. Chamamos aqueles bichos grandes, cinzas e com trombas, de elefantes. Os de longos pescoços, chamamos de Girafas, os que amamentam e voam chamamos de morcegos e demos nomes também aos grilos, a onça parda e ao sapo martelo.
Inventamos a pólvora, a roda, a bússola, o papel, o piano, o chuveiro, avião, bicicleta, tecido, telégrafo, rádio, TV, computador, celular e a bomba de hidrogênio.
Calculamos a descomunal força das formigas, a incrível resistência da teia de aranha, a velocidade do bote da cascavel e a distância que uma abelha percorre para fazer um grama de mel.
Mergulhamos nas profundezas do mar, subimos nas árvores, visitamos desertos, vulcões, penhascos e geleiras.
Bisbilhotamos a privacidade dos bichos em seus momentos mais íntimos, registramos tudo em câmeras potentes, com zoom indiscreto e em câmara lenta, com efeitos especiais.
Futucamos quem estava quieto, bulimos na receita de fazer gente, recolhemos coisas, cultivamos o solo, fragmentamos, medimos, pesamos, analisamos e classificamos tudo. Aprendemos sobre o clima, ventos, nuvens, geleiras, vulcões e até a bela e tímida aurora boreal foi desnudada.
Entramos nas câmeras do coração, identificamos cordas tendíneas, septos, músculos, valvas e entendemos a circulação do sangue. Dissecamos músculos, ossos e as engrenagens que permitem as acrobacias dos ginastas e a leveza das bailarinas.
Traduzimos a linguagem dos neurônios que interpretam o que os olhos veem e mandam e desmandam no espetáculo das contrações e relaxamentos. Descobrimos nossos humores que fluem pelas células regulando a temperatura, fome, sede, medos, tristezas, prazeres e alegrias.
É Bicho! Fomos longe!
“E agora, José?”
O clima esquentou.
O rio secou.
O peixe sumiu.
O mar invadiu.
A noite chegou.
“E agora, José?”