Quem haverá de ser autor paraibano na escola, além de Augusto, José Lins, José Américo, João Martins de Ataíde, Pereira da Silva, Carlos Dias, Rodrigues de Carvalho, Alyrio, Ernani, Permínio Asfora, Bichara, Virginius, Juarez Batista, Ariano, Celso Furtado, Ascendino, Crispim, consagrados cá dentro e lá fora
Que lições eles oferecem? O que as meninas e os meninos vão aprender com eles a ponto de fazer das cores da Paraíba as do seu time? Sim, porque para torcer e se ufanar pelo vermelho e negro do time não precisou de lei nenhuma.
Os autores escolhidos, se o calor de sua arte ou de suas lições não conseguir esmurrar o ar como nos estádios, que sirva para acender a justa revolta com o quadro social da grande maioria sem razões básicas de orgulho nem de bem-dizer o que a terra ou a pátria oferece. A pátria tem de amar para ser retribuída. Ou para ser de todos, sem sonhos de iguais perante a lei mas com a consciência inquebrantável dos direitos humanos.
O autor na escola tem de ajudar na formação dessa consciência. O primeiro a nos fazer tal advertência não é paraibano nem deste século. Foi gestor (como se chama hoje) de 1858, não durou no cargo mais de dois anos, e sete décadas depois, apenas pelas lições que deixou, foi considerado por quem melhor entendia de Paraíba e pretendia governar o Brasil, como “a maior estrutura de cientista e administrador que já passou pelos destinos públicos locais”. Chamou-se Henrique de Beaurepaire Rohan, o B. Ruan da Rua do Melão, visto assim por José Américo, que aprendeu com ele para escrever A Paraíba e seus problemas.
Quem mais chegou depois deles? Muitos e muitos na clara linguagem dos novos tempos, clara e ricamente descontraída, formados com os saberes extraídos da terra ou nela reprocessados e consagrados, que são os da Universidade.
Como vai ser feito, como o livro em lavoura vai entrar na escola, após a vigência da Lei 12.016/2021, sancionada pelo Governo do Estado?
Bom, para isto temos uma Universidade madura e duas instituições nascidas e vividas para exercitarem a preservação continuada dos nossos valores intelectuais, desde o literário ao artístico: o Instituto Histórico e a Academia de Letras. Em seu conjunto, deve-se a elas esse exercício permanente de memória histórica e literária. E o processo, em ambos, é sábio: quem entra cumpre o ritual de rever a obra do antecessor ou antecessores. O arcano se renova. Para que o leitor faça ideia desse processo obrigo-me à pabulagem de ter-me achado o mais informado dos cultores de Arthur Achilles, símbolo do nosso jornalismo. Veio Dorgival Terceiro Neto com um Achilles que eu não conhecia; sucedendo-o veio Ramalho Leite por caminhos que nenhum de nós havia andado, todos trazendo o seu quinhão biográfico para o que deixaram Coriolano, Celso e Osias Gomes.
A lei, sábia, prevê a participação solidária desse gênero de instituições. E aqui não posso deixar de relembrar uma jovem professora, hoje presidente da Academia, levando ao ginasiano de Cruz das Armas ou ao aluno da Escola Técnica, cinquenta anos atrás, o autor obscuro como tudo o mais que se situa aquém ou abaixo das mais belas e altas serras do Sudeste.