Flora a aurora lá fora, brilha o sol entre flautas e plumas. A acolher o orvalho que nos envolve, a colher o pensamento que nos move. O dia sopra o tempo a favor do vento, feito um rio a caminho do mar.
O bordado da água acalma a alma, anunciando o finzinho do friozinho que enche de ternura e agasalha nosso formidável inverno de incontidos versos campinenses.
O bordado da água acalma a alma, anunciando o finzinho do friozinho que enche de ternura e agasalha nosso formidável inverno de incontidos versos campinenses.
Só assim será possível atravessar o azul com o doce perfume da primavera, quando se aproxima e renasce na tarde crescente do horizonte. Retrocede e segue o vento a enrugar a nuvem em fuga, enquanto sangram noturnos em rasgos de luz.
Borborema rainha, também alma minha e mar do meu olhar: bem ali, ao redor do Açude Velho, onde o silêncio cavalga pelo agreste das águas. Sagrada jornada desenha infinitas calçadas que compõem e regem esses afetuosos gestos em aconchegantes lares da cidade.
Sobre eles, um sincero e meigo olhar se faz abordar e brotar nos fabulosos arredores da Prata, entre as ruas Paraguai e Duque de Caxias, em meio a melhores e bem guardadas memórias que espelham e espalham a paisagem da infância. Lugar onde Lourdes construiu, ao lado do seu amado Franklin Araújo, seu ninho permanente de amor e vida.
Bem agora, nessa hora, me vejo voltando e envolto à sua formosa e elegante presença, por meio das mãos queridas de Maura Ramos, pela feliz lembrança de meus tios Onélia e Antônio Arruda ou pela fraterna convivência com Tarcísio, Germana, Marcílio, Fernanda, Neto, Luciana, Maurício, todos Araújo, e com meus primos Izabel, Anamélia e Marcos Arruda, em torno desses anos todos.
Reencontrar tão estimada Dona Lourdes é sempre estar de volta ao passado, onde é possível alcançar as belas janelas do coração. Porque desfolhar o tempo é renascer por dentro, assim, dessa maneira, desse jeito, tão próximo a cultivar preciosos jardins, como o faz, verdadeiramente, o encantado e extraordinário dedo de Deus.
99 anos de uma vida bem vivida. São e serão afetivos e efetivos anseios e ensejos para amar o sublime olhar dessa firme e maravilhosa, solidária e dadivosa figura humana, mulher, esposa, mãe, avó, bisavó e melhor amiga dos amigos queridos.
No auge de completar em vida o seu sublimado centenário, tão logo à vista, tão pertinho assim, ela é exemplo maior de amor à vida para todos nós. Isso sem contar, em segredo, que sou um dos seus maiores e orgulhosos fãs. Desde sempre, a vida inteira.