Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto , o nome do meu biografado José...

Castro Pinto

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Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto, o nome do meu biografado José Maranhão.

O exemplo de Castro Pinto, a razão de manter seu nome vivo, valia, avultava inquestionável nas três primeiras décadas do século passado. Ele foi do tempo em que o discurso era a arma superior e a razão maior do êxito político. Acrescentando-se a esse dom o exemplo moral e a lição de democracia.

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Dos nossos vultos maiores, os chamados pró-homens da veneração histórica, Castro Pinto situa-se entre Epitácio na política e Carlos Dias Fernandes na cultura. No belo ensaio que Celso Mariz lhe dedica, em Cidades e Homens, ele chega a ser acusado de dispersão dos seus dons e valores culturais por não deixar obra escrita. Toda a sua obra restou impressa, mais que na memória, na devoção virtuosa dos que faziam o seu público. Isso no Pará, na Câmara Federal, no Senado, tanto quanto na Paraíba. Assis Chateaubriand, mesmo devendo favor a Epitácio, que foi seu advogado pela posse de O Jornal, questionado por herdeiros do fundador, mesmo assim não negou ao contemporâneo de Epitácio o exemplo maior, para o Brasil, do democrata perfeito. Diz lá ele que a Paraíba, nas mãos de Castro Pinto, mostrou ao país de Ruy Barbosa o exemplo perfeito da prática democrática, caracterizada pelo respeito ao povo, aos seus direitos e aos opositores do seu governo.

Deixando de lado o testemunho conterrâneo dos Chateaubriand, Celso Mariz, Coriolano, Horácio, reafirmados pela geração de José Octávio e Humberto Melo, vejamos o registro insuspeito de Liberato Bittencourt em seu Brasileiros Ilustres:

“João Pereira de Castro Pinto - Político de grande influência e de extraordinário valimento. (...) Eleito deputado, brilhou na câmara baixa (a Federal), discutindo, superiormente (...) e entrou glorioso no Senado. Eleito governador no período 1912 a 1916, tomou posse do alto cargo onde, com unânimes aplausos do Brasil em peso, começou a praticar a verdadeira doutrina republicana, libertando a justiça das peias partidárias e respeitando escrupulosamente a soberania popular. Na ocasião em que se escrevem estas linhas, fins de 1913, é sem questão um dos mais nobres representantes do executivo estadual em terra brasileira”.

Setenta anos depois desse depoimento, é a Castro Pinto que Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, ex-governador do mesmo padrão moral e intelectual,
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dedica as melhores páginas de seu livro A Paraíba na primeira República:

“De Castro Pinto pode-se dizer, com segurança, que se elegeu – para a Assembleia, para a Câmara, para o Senado e para a Presidência do Estado – exclusivamente por seu prestígio intelectual e moral”. E conclui: “Não tinha ele temperamento político. Espírito delicado e sensível, muito sofreu com as dificuldades naturais de todo governo, agravadas, no caso do seu, pela qualidade de presidente de conciliação, obrigado a contentar gregos e troianos, coisa tão difícil quanto a quadratura do círculo. (...) Desde o início, falava em renunciar, o que acabou fazendo antes de completar o terceiro ano de mandato.”

Há muito mais a transcrever de Oswaldo, de Celso Mariz, de Coriolano, das revistas e almanaques do IHGP e do acervo dos que ocuparam a sua cadeira na Academia de Letras. Sem dúvida nenhuma José Maranhão está entre os brasileiros que honraram o cargo e o que mais demorou nele por confiança popular demonstrada em sua consagração para o Senado. Por isso mesmo, dificilmente consentiria em se usurpar a homenagem de todos os tempos a Castro Pinto.

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  1. Somente o desconhecimento da História da Paraíba pode levar a uma proposição dessas. Castro Pinto foi o Presidente do Estado de maior preparo intelectual durante todo o período da República Velha. Depois, somente José Américo, Oswaldo Trigueiro e Tarcísio Burity tiveram o nível intelectual de Castro Pinto. Acho que são proposituras desse tipo que tomam o tempo dos parlamentares paraibanos, impedindo-os de uma participação na discussão de temas relevantes como, por exemplo, na CPI da Covid, sem qualquer presença de senadores da Paraíba.

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    1. amigo flávio, agradeço, em nome da família, suas lúcidas observações. posso publicá-las? é que vou dar uma entrevista no jornal a união sobre o assunto e pretendo reunir vários depoimentos a respeito de castro pinto. amanhã postarei os livros. abraços.

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  2. Ângela Bezerra de Castro11/8/21 17:21

    Tem razão, Gonzaga, se Zémaranhão pudesse opinar, recusaria uma homenagem que viesse em detrimento da memória histórica. Por tudo que ele representa no exercício da política, merece ser homenageado pela Paraíba. Quem foi representado por ele, como Deputado, Governador ou Senador, só tem orgulho. Que ele seja homenageado, dando nome ao parque que será construído no terreno do Aeroclube. Ótima sugestão de Walter Santos.

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    1. isto, ângela, joão gomes também sugeriu o mesmo que sugeriu walter santos. abraço amigo.

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  3. É isto mesmo, caro amigo.
    Infelizmente esta é uma prática muito comum em nosso malfadado Estado.
    A esse respeito, enviei o meu protesto ao nosso Abelardo, ontem, tão logo vi o registro do fasto em sus coluna, que reproduzo a seguir: "Caro amigo Abelardo
    Infelizmente o procedimento que você denuncia é, podemos dizer, recorrente em nosso Estado.
    E não é só essa prática.
    Homenageiam-se figuras que não têm nada a ver com a nossa história e relegam-se ao mais condenável abandono monumentos, logradouros ou prédios públicos, como se não tivessem nenhuma importância em nossa história.
    Um abraço, Arael"

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    1. é o que penso, arael. abraços em você e em raquel.

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  4. O Poeta Sérgio de Castro Pinto é filho de Petrônio Castro Pinto. Qual o grau de parentesco do pai, e dele próprio, com João Pereira de Castro Pinto?

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    1. Sebastiao Aires de Queiroz. O Poeta Sérgio de Castro Pinto é filho de Petrônio Castro Pinto. Qual o grau de parentesco do pai, e dele próprio, com João Pereira de Castro Pinto?

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