Ícaro
Não contavas com o céu de fogo E vulcões invisíveis Querias inventar. Nem tinhas medo de tua força Minimizada pelo grande deus O ar. Que te parecia na imensidão Colchão macio de nuvens Querias só voar. E foi tanto o querer que te lançaste Do alto dos teus sonos E te dilaceraste.
Não contavas com o céu de fogo E vulcões invisíveis Querias inventar. Nem tinhas medo de tua força Minimizada pelo grande deus O ar. Que te parecia na imensidão Colchão macio de nuvens Querias só voar. E foi tanto o querer que te lançaste Do alto dos teus sonos E te dilaceraste.
Fora de órbita
Em que estranhas aflições me prende Aquele que não mais vejo Habitante da ilha dos mistérios. Que me adornava e me tratava como deusa Derramando em meus ouvidos poemas indecifráveis Prendendo-me com encantamentos. Aquele cuja ausência me entorpece de saudades Até do que não vivi. Entranhado em mim, para além da carne Pintura, sulco, marca de fogo. Nesse crisol, resisto penitente Por uma causa para sempre perdida. Por um nome que não posso mais chamar Em minhas noites brancas Em que afetos e afagos vagam sem destino. Astros-veleiros tangidos no cosmos Fora de órbita, inevitavelmente, A anos-luz da minha galáxia.
Em que estranhas aflições me prende Aquele que não mais vejo Habitante da ilha dos mistérios. Que me adornava e me tratava como deusa Derramando em meus ouvidos poemas indecifráveis Prendendo-me com encantamentos. Aquele cuja ausência me entorpece de saudades Até do que não vivi. Entranhado em mim, para além da carne Pintura, sulco, marca de fogo. Nesse crisol, resisto penitente Por uma causa para sempre perdida. Por um nome que não posso mais chamar Em minhas noites brancas Em que afetos e afagos vagam sem destino. Astros-veleiros tangidos no cosmos Fora de órbita, inevitavelmente, A anos-luz da minha galáxia.
Meu desespero
Meu desespero É o das palavras mortas sem funeral É uma boca torta sem poder dizer Do seu mal. É o sol debochando no lamaçal E a chuva molhando Um verão sem igual. É o teu olhar dizendo o que não quero ouvir E o tempo a fluir. Meu desespero é o funeral das palavras tortas. É o mal da boca no lamaçal É o sol debochando no tempo a fluir É a chuva molhando O verão do olhar E o que não quero ouvir.
Meu desespero É o das palavras mortas sem funeral É uma boca torta sem poder dizer Do seu mal. É o sol debochando no lamaçal E a chuva molhando Um verão sem igual. É o teu olhar dizendo o que não quero ouvir E o tempo a fluir. Meu desespero é o funeral das palavras tortas. É o mal da boca no lamaçal É o sol debochando no tempo a fluir É a chuva molhando O verão do olhar E o que não quero ouvir.
Justificando
Eu canto justamente A inexistência do instante O “stop” O “Arrêt” O corte. Simplesmente canto a nota aguda Do gemido oculto Que a palavra ser é culto De celebração de morte.
Eu canto justamente A inexistência do instante O “stop” O “Arrêt” O corte. Simplesmente canto a nota aguda Do gemido oculto Que a palavra ser é culto De celebração de morte.