Janelas… Quisera não ter que fechá-las e sempre mantê-las abertas. Abertas pra vida, com flores e céu.
Embora comum, no ato de abri-las, em cada manhã, há sempre uma surpresa. A rotina é bem-vinda e cria canais por onde o olhar se lança no mar, na relva e nas nuvens. Até o horizonte, que singra o limite em reta contínua, pincela os dois lados do mundo infinito com cores diversas.
Manhã ou crepúsculo, nas horas douradas, os tons se misturam em cada espetáculo. À chuva ou ao brilho do céu sem vapor, há sempre beleza sutil e diversa na linha que une a água e o ar.
Abrir as janelas, saudando a manhã, ouvindo notícias da luz que invade o dia que chega, traz sempre esperança na fé que renasce em tudo que muda. Na flor que brotou num canteiro acolá, em um beija-flor que paira no ar, no vento que sopra querendo falar, de tudo que entra por uma janela.
Quisera, repito, não ter que fechá-las. Quisera não ter receio da chuva, nem medo do Sol, tampouco do vento. Sem medo de nada, nenhuma ameaça, quisera dormir com todas abertas, por onde as estrelas pudessem sorrir seu brilho encantado. E que a alvorada chegasse mansinho mudando a cor da noite serena, repleta de luz com cheiro de orvalho. Mas, quando se vai, o Sol adverte que antes que os olhos se lancem nos sonhos, janelas e portas estejam cerradas.
Que a paz se adentre no lar-doce-lar! Agora é hora de abrir outras portas e muitas janelas. Janelas da alma e de outros mundos. Janelas que mostrem o que não se vê à luz da manhã. Janelas que deixem entrar a canção da vida infinita que em tudo se imanta. Que tragam energia e inspiração, que adentrem o fulgor da fé sem pecado, das bênçãos de um Deus de quem não tenhamos medo algum. Um Deus que proteja e nunca castigue. O Deus que se vê abrindo janelas. Muitas janelas...