Jesus afirma no Seu Discurso Profético: “Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É pre...

Transição Planetária

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Jesus afirma no Seu Discurso Profético: “Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores.” (Mateus, 24: 6-8 – A Bíblia de Jerusalém).

Tal profecia condiz com as condições vigentes na sociedade planetária atual que, a despeito do progresso tecnológico e científico alcançado, ainda tem longo caminho a percorrer no campo da moral. Neste contexto, as seguintes informações de Allan Kardec, aplicam-se, perfeitamente, às condições que a humanidade vive atualmente, entendidas como sendo o Período de Transição. Período este situado entre duas gerações, a do passado e a atual: “[…] os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos a partida de uma e à chegada de outra, já se assinalando cada uma, pelas características que lhes são peculiares. As duas gerações que se sucedem têm ideias e pontos de vista opostos. Pela Natureza das disposições morais e, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.”(1)

A então denominada Transição Planetária apresenta características muito nítidas e que foram anunciadas por Jesus no Sermão Profético ou Escatológico que, em A Gênese, Allan Kardec sintetizou na expressão “sinais dos tempos”: “[…] são chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para a regeneração da Humanidade.” (2) O Codificador complementa:

Isto posto diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei de progresso. Ele progride fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se realizam paralelamente, visto que a perfeição da habitação guarda relação com a do habitante. Fisicamente, o globo terrestre tem sofrido transformações que a Ciência tem comprovado […]. Moralmente, a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens concorrem para isso pelos esforços de sua inteligência. […]. (3)

Existem especulações que procuram determinar a duração da Transição, ou até, quando foi, efetivamente, iniciada. Na verdade, tudo não passa de suposições, considerando-se que o livre arbítrio, individual e coletivo, são fatores determinantes para acelerar ou retardar esse período. Uma certeza, contudo, se sobressai: a Transição apresenta desafios significativos, consequentes não só das ações humanas, mas também das transformações na estrutura geológica do Planeta, assim como pela ocorrência fatores naturais, como cataclismas. Todas essas condições, em conjunto, afetam diretamente as condições da vida em sociedade, do presente e do futuro.

As tribulações do Período de Transição representam, contudo, oportunidades concedidas pela divina providência para melhoria moral e intelectual do ser humano. Não há dúvida a respeito, como Kardec pontua:

Sim, por certo a Humanidade se transforma, como já se transformou em outras épocas, e cada transformação é marcada por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento: crises muitas vezes penosas, dolorosas, que arrastam consigo as gerações e as instituições, mas sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral. (4)

Nesse sentido, os desafios e ocorrências da Transição produzem agitações/crises/movimentações em ambos os planos de vida:

À agitação dos encarnados e dos desencarnados se juntam, por vezes, e mesmo na maioria das vezes, já que tudo se conjuga, na Natureza, as perturbações dos elementos físicos; é então, por um tempo, uma verdadeira confusão geral, mas que passa como um furacão, depois do que o céu se torna sereno, e a Humanidade, reconstruída sobre novas bases, imbuída de novas ideias, percorre uma nova etapa de Progresso. (5)

Os acontecimentos reveladores da Transição, consoante a profecia de Jesus, anunciados no Seu Sermão Profético (Mateus, 21: 1-31; Marcos, 13: 1-23 e Lucas 21:5-24), falam de conflitos bélicos, lutas fratricidas, atos de violência, traições, caos social — todos reveladores do atraso moral que ainda predomina no Planeta — que, conjugados às calamidades naturais, produzem muito sofrimento, a despeito do significativo desenvolvimento tecnológico e científico. Vemos, assim, que o progresso intelectual fez surgir um sociedade mais instruída, porém ainda moralmente enferma.

Até aqui, a Humanidade tem realizado incontestáveis progresso. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhe, ainda, um imenso progresso a realizar: fazerem que reinem entre si a caridade, a fraternidade e a solidariedade, que lhes assegurem o bem estar moral. (6)

Para tanto, faz-se necessário férreo combate às imperfeições espirituais, sobretudo o egoísmo, como assevera os Espíritos orientadores da Codificação Espírita. No processo de melhoria moral, a destruição do egoísmo é apontado como a base para a construção de uma sociedade humana mais solidária. O Espírito Fénelon reconhece, todavia, que não é tarefa fácil: “De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de extirpar é o egoísmo, porque resulta da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se, já que tudo concorre para mantê-la: suas leis, sua organização social, sua educação.[…]” (7)

O desenvolvimento de virtudes, consequência natural da batalha contra as imperfeições, fornecerá o substrato à construção de uma sociedade mais espiritualizada, mais moralizada:

A Humanidade, tornada adulta, tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio com que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade; já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente com direito. É por isso que se despoja das fraldas da infância e se lança, impelida por uma força irresistível, para margens desconhecidas, em busca de novos horizontes menos limitados. […]

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Nasa
É a um desses períodos de transformação, ou, se o preferirem, de crescimento moral, que ora chega a Humanidade. Da adolescência ela passa à idade viril. […] O presente é demasiado efêmero; ela sente que o seu destino é mais vasto e que a vida corpórea é restrita demais para encerrá-lo inteiramente. Por isso, mergulha o olhar no passado e no futuro, a fim de descobrir o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza. E é no momento em que ela se encontra muito apertada na esfera material, em que transborda a vida intelectual, em que o sentimento da espiritualidade lhe desabrocha no seio, que homens que se dizem filósofos pretendem encher o vácuo com as doutrinas do niilismo e do materialismo! (8)

REFERÊNCIAS (1) KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. XVIII, item 28, p. 535. (2) Item 1, p. 513. (3) Item 2, p. 514. (4) Item 9, p. 521. (5) p. 522. (6) Item 5, p. 516. (7) O livro dos espíritos. 2.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010, questão 917, p.548. (8) A gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. XVIII, item 14, p. 525-526.

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