RANGEM AS ENGRENAGENS,
TREME A TERRA,
Há UM RUMOR.
E horror!,
... mas a multidão se deslumbra:
na sombra que a todos obumbra, tudo, agora, relumbra:
a Pedra... se abre... como em corte de sabre,
e o que se vê
... é estupor!
Na escuridão
resplandece,
com todos os seus vitrais,
com profusão de torres
e imensidão de portais,
a catedral alumbrante
como se fora diamante.
E os anjos, aos milhares,
vão
do alto de seus pedestais, pros ares!
De Mandreike e Sô Leo,
ao Comandante e Astier,
de Ticiana a William Bonner,
à Sonia, Joubert, Didier,
o mundo... boquiaberto... vê o céu
que Existe! - de perto,
com todos os seus sons de violinos a
sinos, de coros a clarins - divinos!
Da rosácea central, el-rey - magnífico - vem, espectral,
e as tropas - dos dois lados - de joelhos,
fazem o pelo-sinal.
El-rey,
porém,
vem rindo, o seu caminho abrindo
-¡Muy lindo! e grita,
feliz,
voando,
à multidão comandando: - De pé, de pé! Atenção!
El sueño de la razón produce monstruos.
Horribles. A fé, com superstição, é mestra de
tristes dribles! Criterio, imaginación,
tienem de entrar en acción o no serán mas possibles!
E diz, assim, de um por um,
sim,
sem que escape nenhum:
- Sofrer e saber que morres,
sem nunca ver o que é isto!
Sem Deus jamais lhe dizer
"Existo!",
isso é - engano demais! - desumano!
Mas o milagre que eu trago,
e vou dizer de uma vez:
é
que
busquem
a lucidez!
Nada de fé,
que é a fonte da estupidez!
E O FIM DO FINAL ACONTECE:
El-rey... some... esvanece,
e os anjos,
a catedral, etc e coisa e tal.
Cervantes,
em seguida,
como era de se esperar,
sai do ar
… e da vida, com Dulcineia e Trancoso
e Bozo.
Vão-se,
também,
sem ultimato,
os tanques,
o esquadrão de helicópteros,
caças a jato, jornalistas se vão - nacionais,
estrangeiros -, inclusive Astier,
aqui,
perde o poder,
também o nosso caro Ariano,
claro, como era seu plano.
Excerto final do livro
A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso
■ W. J. Solha
Editora Penalux, 2018 Disponível em estantevirtual.com.br
Editora Penalux, 2018 Disponível em estantevirtual.com.br